quarta-feira, setembro 1

Sonho Beck-Ttiano Ato #03

CV
- Eu já dominei a arte da vida sabe?

CN
- Ah sim?

CV
- Foi.

CN
- Já foi brasileiro um dia então?

CV
- Exato! (surpreso) Conhece a poesia também?

CN
- Claro, nosso Xará não?

CV apenas sorri.

CN
- E porque a perdeu?

CV
- O que eu perdi? (começa a procurar algo em seus bolsos)

CN
- A poesia, a arte, a vida...

CV
- Ahh...(parando de procurar) É engraçado....

CN
- Normalmente é!

CV
- Não sei. Eu sabia me portar em qualquer local, tivesse eu entre pessoas mais pobres ou entre os mais ricos. Eu tinha essa áurea que os profetas e santos tem, que faz com que eles consigam se comunicar, num sentido sentimental, com qualquer ser humano entende? Eu era uma argila concisa, firme, mas que nunca endurecia. Eu me moldava à forma, e em qualquer forma que eu estivesse minha força fazia com que eu reconfigurasse o local em que eu estava, eu transformava a forma, eu transformava todos. Pra mim isso era maravilhoso, isso me trazia alegria, e eu nem sabia.

CN
- Engraçado, eu sinto o mesmo em relação a mim. Que bacana, eu nunca tinha parado pra pensar, mas é mais ou menos isso.

CV
- Agora eu sei... assumo... que esta habilidade que eu tinha, que esta comunhão com a vida, com a poesia, com a arte, com os outros seres humanos não vale mais do que uma mágica qualquer de um entortador de colheres.

CN
- (com a alegria de uma criança) Eu adoraria saber entortar colheres!

CV
- Mas é só uma mágica!

CN
- O que não é?

CV
- Mas agora eu sei!! (com convicção)

CN
- Sabe?

CV
- Agora eu sei!! (com mais convicção)

CN
- Então você não sabe!
(pausa)

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