segunda-feira, dezembro 6

Básico 1

http://ventriloquo.org/2010/04/08/ateu-gnostico-teista-e-agnostico/

Xandão

Interessante a linha de raciocínio a partir do modelo gráfico que ele cria. Mas para mim a idéia do gráfico apesar de ser divertida é absurda e eu não consigo me encaixar nele, uma vez que acho que o gráfico não faz sentido, explico.

Eu, consciência do Guimbão, estou preso no tempo (vivo em 2010 depois do Hómi) e estou preso no espaço (um corpo bem acabado, modéstia a parte, branquelo, com alguns pêlos)... ou seja, por mais que eu me ache inteligente (e sou) eu NUNCA vou poder ter uma noção do todo, pois estou preso no tempo, no espaço e nos meus sentidos, e isso não só eu, mas como qualquer coisa em qualquer tempo da história. E como Deus é a representação do todo, mas nunca nada na história, a não ser o próprio todo, pode saber do todo, qualquer pessoa que se coloque como gnóstico para mim é burro ou megalomaníaco. Sim, sou agnóstico.

Sendo assim, eu Guimbão, uma vez que assumi minha limitação de nunca poder saber o que é o todo (eu acho isso a maior beleza de todas...já me faz recordar os primeiros versos de Tabacaria) teria que ser burro ou megalomaníaco em dobro do gnóstico, pra uma vez sendo agnóstico, acreditar ou não em Deus. Uma pessoa verdadeiramente agnóstica simplismente não tem crença nem descrença em Deus, ela não se preocupa em crer ou não, ela tem experiências durante a vida, impressões e faz seu conhecimento, seu saber nascer a partir disso. Claro que eu posso ter crenças e fés em certas coisas, e vivenciar experiências que não consigo explicar...mas isso se deve ao fato de eu ser ignorante (quantas e quantas civilizações não sabiam explicar o porque o Sol nasce) e não de existir Deus, para mim a colocacão de Deus é sempre uma resposta da vaidade humana que não assume que realmente não pode falar sobre certo fenômeno. Por isso a beleza da evolução, e de se estudar história e de ver que o conhecmento é feito através de milhares de homens e de várias gerações. Citando o Tio Beleuza:

"Não chegar ao ponto em que não se diz mais DEUS, mas ao ponto em que já não tem qualquer importância dizer ou não dizer DEUS."

beijo a todos

Deus

quarta-feira, outubro 27

A little help from my friends... #02

querem ver um homem de verdade fazer política de verdade, vejam o Patch Adams no Roda Viva, está no youtube na íntegra.

Então, foi por tudo isso e mais um pouco que ironizei o título "Um gênio do povo"

Agora respondendo a sua pergunta

Acho que discutir "situação político-institucional-econômica-social-cultural" fechando o contexto em qualquer limite que seja (nesse caso nação: Brasil) um erro. Qualquer debate sério leva em conta a sobrevivência da espécie humana como um todo e não micro exemplos fechados dentro de um sistema. Nenhum, digo NENHUM líder mundial coloca isso como sua principal questão....não vi em nenhum líder de grandes potências falar que sua principal política externa é fazer com que o mundo não gaste dois trilhões de dólares por ano fazendo armamentos militares (com esse dinheiro vc acaba com a fome na Terra, em Saturno e em Júpter).......não vi nenhum líder de grande potências dizendo que seu principal programa é gradativamente terminar com as relações monetárias entre os homens, começando com a extinsão e paraísos fiscais, depois com criações de programas de escambo .....nunca vi nenhum líder de grande potência dizendo que o importante é a diminuição do modelo consumista em que a gente vive, então se o PIB não crescer mas se as pessoas foram mais educadas, saudáveis e felizes foda-se o PIB.....nunca vi um líder mundial dizendo que o sonho dele de futuro é ver outros animais atingindo níveis de conciência parecidos com os dos homens..... nunca vi um líder mundial dizendo que não adianta desenvolver tecnologias se não democratizarmos a informação pra todos..... nunca vi nenhum líder mundial dizendo que se nós não aprendermos a desenvolver outros tipos de relações humanas que não sejam baseadas na exploração e no trabalho não há esperança pra espécie humana....nunca vi nenhum líder mundial dizendo que se foda se o meu país ta indo bem se os outros tão na merda pq todos somos seres humanos iguais...... Nunca, sinceramente nunca nenhum líder mundial falou honestamente comigo como vários amigos, filósofos, poetas, músicos e malucos afins falaram comigo.

Isto posto, sou uma pessoa otimista, acho realemente o governo Lula o melhor governo que o Brasil já teve anos luz na frente de qualquer outro, e que principalmente, nós brasileiros temos uma oportunidade como nunca tivemos antes, não só pela conjuntura em que vivemos mas pela amabilidade do povo, já que o amor é a única forma de inteligência de fato. Fico triste as veze por ver amigos tão inteligentes (como a maioria desse grupo) se contentarem com qualquer emprego e não precerber na pele que só se vive uma vez e que pode como qualquer um ser protagonista da história. Mas para mim a transição do governo FHC pro Lula é como uma mulher que era estuprada pelo marido todo dia e espancada pelos amigos dele dizer que agora ta tudo bem porque só apanha dia sim dia não.

O Lula é um gênio e um grande líder no contexto atual? Sem dúvida alguma!

O Lula é um genio e um grande líder na minha visão? NEM FUDENDO!!!

Por isso que quando digo que estou ha anos luz de Serras, Dilmas, e afins não digo isso num tom de niilismo, de estar me fudendo pro mundo.... digo isso pela simples certeza de que esse bandidos nunca vão chegar no nível que eu cheguei como ser humano.

Abs

Guimba

A little help from my friends... #01

Resposta ao grande amigo Paulada que me indagou porque eu ironizei o título da entrevista "Lula é um gênio do povo" na Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/%E2%80%9Clula-e-um-genio-do-povo%E2%80%9D e que me perguntou o que eu acho da situação político-institucional-econômica-social-cultural do Brasil no momento.

Bem Paulada, vai ser longo, mas vamos lá.

Li toda a entrevista! Entrevista excelente. Concordo com ela veementemente quando diz que o Lula é um gênio, e é sim (dentro do contexto atual), ela diz que ele é um intelectual orgânico, gostei desse conceito. É o que ele é, no livro de memórias do Lula tem um trecho que ele diz: "foda-se o Marx, ele está morto e eu estou vivo!".. Isso já mostra a força e inteligência do cara que sabe que é com ele que tem que resolver, que sabe que faz história e que utiliza as referências que têm pra refinar suas ações e não ficar repetindo como papagaio de pirata qualquer merda que lê.. Aliás, essa sempre foi minha grande crítica ao movimento estudantil, e aos diretores de CAs da vida, uma cambada de gente completamente acéfala e que só reproduz um discurso morto pelo tempo. Por isso nunca me envolvi nisso apesar de não pensar em outra coisa que não seja política, pode ter sido um erro meu não ter investido nisso desde jovem e me afastar desde início pra estudar por minha conta, enfim, escolhas da juventude.

Discordo dela quando diz que ele é do povo, mas aí mais por conceito do que eu entendo como povo do que por outra coisa. O fato dele ter vindo de classe baixa não faz dele um presidente do povo. Povo nunca é presidente, povo é sempre o que sofre a ação e nunca a força de afirmação. Pois se um dia ele se torna o protagonista, o que gera a ação ele deixa de ser povo pelo próprio conceito da palavra. A utilização da palavra povo é uma forma ingênua (e muito bem vendida pelos marketeiros) de apaziguar conflitos múltiplos e diversos: o conflito que vive o seringueiro do Pará é diferente do motoboy que mora em Itaquera, do pescador de Recife, e do playboy que vai esquiar na Suiça todo inverno. Um presidente tem que se assumir aristocrático, informar ao "povo" que ele tem informações que alguém que faça Jornalismo na USP e trabalhe num bar, ou de alguém que fez Turismo e dirige uma produtora nunca vai ter, porque se for pra utilizar a palavra povo, nós sim somos do povo, nós sim somos quem sofre a força e não quem a exerce. Eu não tenho força de nenhuma grande instituição ou em uma grande coorporação, vc tem?

É isso que sempre critíco e digo que todos são bandidos (juro que vou responder sua pergunta inicial, só vou terminar minha divagação) o presidente da república não vem até mim como meu pai sempre veio por exemplo, querendo me educar e não me convencer por convencer como TODOS os políticos fazem (e isso inclui os pequenos como PSOL). O Lula é um exímio negociador, o filho dele está milionário agora, se ele chegasse na TV e dissese "pessoal, política é assim mesmo, eu sou um negociador, já que tinha que ser de alguém que seja de alguém da minha casta, proque eu tenho na verdade boas intensões ao invés dos pilantras entregusitas que sempre governaram esse país"...eu iria concordar com ele? De forma alguma, mas pelo menos ele teria sido honesto, ou 'Coloquei o Hélio Costa no Min da Comunicação, aprovei o padrão digital japonês sem consulta pública, e nem fiz questão de rever as concessões de mídia porque se eu mexer com a Globo eu não consigo governar e to fudido" ai sim poderia até pensar que ele é um presidente do povo, um cara que vê o que acontece e reporta... e não me venha me falar que se ele falar assim o "povo"não entende porque é mentira!!!! Isso sim é ranço burguês, ter que falar "Para o povo" como se ele fosse um coitado e acéfalo e não você (presidente, não vc Paulada) um sem-vergonha e picartea, já viajei o Brasil inteiro e sempre falei com qq pessoa igual falo com vcs e sempre fui compreendido... caráter e ética qq ser humano entende.

Só para encerrar essa questão, numa QiB veio lá o Zílio Zílio cagando regra pra Dilma em cima de mim, eu quase praticamente não vejo TV (não tenho TV a cabo e vejo raramente os jogos do Corinthians, até hoje não sei qual a cara da Lady Gaga, que soube que existia há um mês atrás por causa do meu sobrinho), mas no dia que vi apareceu o Lula pedindo votos pro Netinho, no melhor estilo Maluf (se vc me apoia então vote nele!).......Netinho???? Esse marginal filho-da-puta que bate na mulher, um fingindo, hipócrita, que vive da imagem de ser minoria por ser negro e ter nascido pobre.... Enfim, relatei o fato ao Zilio e perguntei se ele falaria isso na TV, sabendo da índole do Netinho, e claro ele me respondeu da mesma forma que todos os militantes a Dilma "cara, isso é política, vc tem q ceder de um lado pra ganhar do outro"......Isso é política o CARALHO, isso é apenas uma forma de fazer política, aliás, uma forma covarde, vil e manipuladora.... Todo mundo faz política, todos os dias.... eu NUNCA vincularia minha imagem pra falar em votar num vagabundo desses, se novamente o Lula cehgasse e dissesse: "O Netinho é um vagabundo, hipócrita mas melhor que ele do que os outros bandidos, então pra não fuder de vez e eleja ele por favor" seria menos pior, mas nem isso.

quinta-feira, setembro 16

Suíte de Quelemeu

Vamô dançá tudo nu…tudo nu…
Tudo com dedo no cu, menos eu...
Tudo com a bunda de fora, é agora...
Ocê disse que dava e não deu...
Espora no pé tá tinino, tá tinino...
Pica no cu tá sumino, tá sumino...
Larga teu marido muié, e vem foder mais eu...
Teu marido é bão muié, mas não fode como eu...
A foda é boa é de madrugada é de manhã cedo não vale nada...
A pica tá dura que tá danada ela entra enxuta ela sai moiada...
A muié de compadre Mané Pedro... tem cabelo no cu que faz medo...
Ela chorava, ela gemia, era os cabelos do cu que doía...
Ela chorava, ela gemia, era os cabelos do cu que doía...
Eu pilei mio no pião de sapucaia que bicho que mata homem mora debaixo da saia donde a pica trabaia.

sexta-feira, setembro 10

Sonho Beck-Ttiano Ato Final

W. Allen revira mais uma vez seus bolsos

WA
Achei! Sabia que tinha um isqueiro aqui! (e acende o baseado)

CN
Ele tem fogo!!!! (eufórico)

CN
Ele tem fogo!! (grita mais eufórico tentando chamar a atenção de CV, que continua distante olhando pro lado oposto)

CN vai correndo em direção ao CV,

CN
Ele tem fogo!!!

CV
Quem?? (surpreso)

CN
Ele! (ao virar e apontar pro W. Allen já não há mais ninguém lá!)

CV
Quem?

CN
Não sei!
(pausa)

CV
Cadê meu baseado?

CN
Ele levou!

CV
Quem?

CN
Não sei!

CV
Mas era meu baseado!

CN
Mas era o fogo dele!

CV
É!
(pausa)

CV
O que eu estou fazendo aqui?

CN
Bem, me diga você. O sonho é seu!

CV
Ando tão sem imaginação que até os meus sonhos são Beckettianos. Olha eu aqui, falando comigo mesmo mais novo. Não a nada mais inocente do que achar que passa informação e sensibilidade verdadeiras com esse tipo de diálogo, há 100 anos atrás até acredito q podia fazer algum sentido mas...

CN
(interrompendo CV) Hummm... a voz pura da razão falando, acho que você está acordando.

CV
Estou?

CN
Bem, mesmo se você não estiver eu estou indo embora!

CV
Mas eu não quero acordar?

CN
Como não?? Não há luz nenhuma aqui!!!

CV
Mas é seguro!

CN
(gargalhando) É sim! (irônico) Relaxe. Olhe o lado bom, não é bem Godot q vc está esperando....

Sonho Beck-Ttiano Ato #11

WA
Mas porque eu to falando isso pra vocês? Vocês não são minha terapeuta!

CN
Sua história me lembra algo!

CV
Pra você também?

CN
Pra mim o quê?

CV
A história dele também me faz recordar de algo.

CN
Então deve ser algo que aconteceu conosco há muito tempo atrás, para nós dois termos a mesma recordação.

CV
É verdade!

CN
Mas não lembro?

CV
Vamos, se esforce, você é mais novo! (irritado)

CN
Não lembro!

W. Allen interrompe a conversa, e com um gesto sugere que quer fumar o baseado que está na boca de CV.

WA
Você se importa?

CN
Ah, você fuma!

WA
Não, não fumo. Eu tenho muito medo de câncer ou de algum, enfisema, parada cardíaca, ou qualquer coisa do tipo..Mas vocês não param de falar, e, e... eu não estou no meu sonho, o único câncer que eu posso ganhar seria aqui mesmo, que na verdade seria uma benção....

W. Allen procura alguma coisa no bolso

WA
(perguntando ao CV) Você tem algum fogo?

CN
Hahahahahahahahhaha

CV
Acho que sim, deixa eu procurar aqui! (começa a revirar os bolsos)

CN
Eu acho que não! (rindo)

CV
Se eu não me engano estava neste outro bolso aqui (continuando a revirar os bolsos)

CN
Eu acho que não! (rindo)

WA
Bem, não importa! (e fica com o baseado apagado na boca)
(pausa)
CN vai e cutuca o ombro do W. Allen

CN
Não tem nenhuma luz aqui!

WA
Como assim não há nenhuma luz?

CN
Não há, nós estamos no sonho dele! (aponta pra CV)

CV
(olhando para o infinito) Em pensamento: Cor Negra!

Sonho Beck-Ttiano Ato #10

WA
- Ora, fiquem quietos, eu estava dizendo a minha terapeuta que um dia estava no bar de um hotel, bebendo um whisky, quando de repente não sei de onde, um cara aparece, olha pra mim e diz: Vc me parece infeliz!

CN
- É verdade, vc também!

WA
- Comecei a responder pra ele que o certo não era infeliz, até por que eu não estava infeliz, era melancolia. Mas ele foi amável, me explicou até que melancolia vem do grego: cor negra.. e eu disse que para mim era difícil de sair de uma história minha e entrar no mundo alheio de uma vez...Ainda mais se alguém chega no meio de suas divagações e te indaga de supetão: Você me parece infeliz! Eu teria q ser o que? O poço da felicidade, um integrante do Big Brother pra poder responder q não, você me entende, ele me acertou......Dai eu acho que fiquei um pouco atordoado, que eu não fui eu mesmo quando conversei com ele, fui mais defensivo..eu não sei, me senti um idiota...

CV
- Bem vindo ao clube!

WA
- Daí em seguida fui pro meu quarto e pensei, poxa, o cara é gente boa, atencioso, parecia um cara legal de conversar....e é sempre bom conversar....eu não conseguiria ter aquelas conversas de elevador, nunca consigo, ainda mais naquele momento... preferia morrer....mas eu sei que não teria essa conversa com ele....seria aquelas conversas sobre estrelas, tempo, de quem já enfrentou a certeza da morte.....você sabe, esse tipo de coisa.

CN
- Ele tem certeza da morte também! (apontando pro CV)

WA
- Pensei, poxa, quero conversar com ele novamente: daí comecei a imaginar o que falaria pra ele, até porque não queria parecer um idiota como fui da primeira vez com ele, não que eu tenha sido, você sabe, mas eu me senti........... Pensei então: já sei! Vou chegar pra ele, e dizer: - É bom achar alguém pra conversar sabe?

CV
- Oba mais um!

WA
- E continuaria a falar pra ele: Nós quase nunca conversamos. Não digo eu e você, mas nós, humanos...Um diálogo assim, você sabe..... Aposto que ele iria se identificar com isso e teríamos uma conversa bacana.....
Mas .... Ai está o problema!!!
Eu achei que a conversa poderia ser tão bacana que eu acabei ficando no meu quarto imaginando como seria o diálogo e desenvolvi toda conversa sozinho, escrevi toda ela e coloquei no roteiro do meu próximo filme. Foi delicioso, resolveu meu problema pra uma cena que eu estava há semanas escrevendo, ia me dar bastante dinheiro, eu deveria estar feliz.....Mas agora eu estava enclausurado!!!
Eu não podia mais sair no hall do hotel!!! O que eu faria caso encontra-se ele novamente!!
Ele iria puxar uma conversa, eu sei, e eu iria responder o que: olha Sr, eu adoraria que tivéssemos essa conversa, mas nós já conversamos sobre isso a pouco... ou,ou... eu achei o senhor tão legal que resolvi conversar sozinho...era, era impossível..... eu sei, poderia conversar com ele como se nada tivesse acontecido, mas como eu ira olhar pra ele? Eu me conheço, se eu olhasse nos olhos dele ia lembrar do diálogo e eu ia acabar parecendo um idiota......novamente!!!..... Enfim, ele iria me achar um louco de qualquer maneira.

CN
Uma nau cheio deles!

CV
De terapeutas!

sexta-feira, setembro 3

Sonho Beck-Ttiano Ato #09

CN
- Vamos conversar?

CV
- Vou dormir!

CN
- O que é isso, birra? (irritado)

CV
- Não, é sono!

CN
- Sono, sonhos.....somos?

CV
- Que filólogo! (ironizando CN)

CN
- Que filósofo (ironizando CV)

Ouvem-se barulhos.

CV
- Espere, tem alguém aqui!

CN
- Woody Allen???

W. Allen aparece no sonho.
CV
- O que você está fazendo no meu sonho?

WA
- Não é o meu sonho?

CV
- Não, é meu.

CN
- Não, é dele!

WA
- Não pode ser!

CN
- Não?

CV
- Mas não está sendo?

WA
- Mas eu não estava aqui, eu estava na sala da minha terapeuta, eu ia dizer algo importante a ela....e de repente eu estou aqui...isso não faz nenhum sentido....

CV
- Ihhh...ele quer sentido!

CN
- A terapia é sonho?

CV
- A sua terapia? Ou o meu sonho?

Sonho Beck-Ttiano Ato #08

CV
O que você vai fazer?

CN
Com o que?

CV
Com a vida?

CN
Com a minha ou com a sua?

CV
Não sei!

CN
Também não sei!

CV
Não sabe qual vida?

CN
Não, não sei o que vou fazer!

CV
Somos dois!
(pausa)

CN
Quantos anos você tem?

CV
Vinte oito, e você?

CN
E eu o que?

CV
- Quantos anos você tem?

CN
- Anos?

CV
- É!

CN
- Não sei!

CV
- Não sabe?

CN
- Não! (surpreso)

CV
- Mas você está fazendo o que agora? Colégio, faculdade?

CN
- Também não sei! (ainda surpreso)

CV
- Como não sabe?

CN
- Não sei oras!

CV
- Você não sabe nada?

CN
- Não! (como se descobrisse algo)

CV
- Você não sabe nada a seu próprio respeito e quer ainda que eu acredite que este sonho é seu e não meu?
(pausa)

Sonho Beck-Ttiano Ato #07

CV
A morte!

CN
Monotemático! (com desdém)

CV
O extermínio!

CN
Trágico! (ainda com desdém)

CV
Não, tragédia é uma mistura de alegria e de dor, extermínio é muito maior!

CN
Tragiquérrimo gente!!! Abala!!! (com tom de bichinha e mais irônico ainda)
(pausa)

CN
Eu vou dormir!

CV
Não quer mais conversar?

CN
Estamos conversando?

CV
Estávamos...não???

CN
Bem, você falava.

CV
Mas se somos a mesma pessoa não deixa de ser conversa. Um monólogo pelo menos.

CN
Cara, você pode ter sido eu anteriormente, mas eu estou bem longe de ser como você.

CV
Machão! (com início de ironia)

CN
É sério, não existe possibilidade de eu me tornar a pessoa que você é. Você pode não saber, mas eu já superei todas essas questões que você colocou pra mim!

CV
Vencedor! (mais irônico)

CN
Aliás, tenho quase certeza de que este sonho é meu e não seu! E você está aparecendo aqui para que eu possa evitar me tornar triste como você. Serei sempre alegre, eu sei!

CV
Predestinado! Dono da razão! (todo ofegante e batendo palmas) To toda molhada! To toda molhada!
(pausa)

quinta-feira, setembro 2

Sonho Beck-Ttiano Ato #06

CV
Eu estou sozinho!

CN
Você se isolou!

CV
Eu não tenho amigos!

CN
Você não quer ter amigos!

CV
Foi a vida!

CN
Foi a preguiça!

CV
Foi?

CN
Você esta parecendo aquele professor?

CV
Que professor?

CN
Aquele do colégio!

CV
O Waldenir?

CN
Não, o que dava aula no mesmo colégio que você.

CV
Rui?

CN
Esse!............Ele morreu sabia!

CV
Antes ele do que eu! (com desdém)

CN
Será?

CV
Coitado! Morreu do que? (agora preocupado)

CN
Câncer na laringe! Como diria os malvados, pelo menos morreu de algo que ele gostava!

CV
Eu vou morrer trepando!

CN
Ah vai! (com ironia)

CV
Você sabe como eu vou morrer?

CN
Eu não! Como eu vou saber? Sou mais novo que você, não percebeu! Você já foi mais inteligente!

CV
Pare de se vangloriar!

CN
Hummm...(olhando CV enquanto abre seus olhos para examinar, como se fosse um paciente)...pelo menos continua sagaz!

Sonho Beck-Ttiano Ato #05

CN
Posso te dar um beijo?

CV
Como assim?

CN
Um beijo na boca! Daqueles de cinema!

CV
Mas porque motivo?

CN
Não sei, me deu vontade, posso?

CV
Se é assim, não vejo porque não.

CN se aproxima de CV e o beija com fúria, depois de 3 segundos de beijo os dois acabam percebendo que são a mesma pessoa. De súbito, os dois se afastam assustados.

CV
- Que porra é essa? (muito assustado)

CN
- Não sei! (gargalhando)

CV
- Mas...mas porque não me contou?

CN
Não contei o que? (ainda rindo)

CV
Que somos a mesma pessoa!

CN
Eu também não sabia!

CV
Como não? Está todo gargalhando ai!

CN
Ué, só porque eu não reagi como uma bicha louca como você agora você acha que eu já sabia, é?

CV
Claro! E ainda ficou pregando peças em mim! Filho da puta.....

CN
Pera lá, eu vim aqui conversar com você na maior boa vontade...

CV
Mentiroso!!

CN
Mentiroso?? Mentiroso é você seu bosta! Fica falando pra mim que perdeu a alegria por causa dos outros. Isso não existe! Você perdeu sua alegria de viver porque você não ama ninguém!

CV
O quê???

CN
É isso mesmo. Você não ama ninguém. Vive sua vidinha em sua casa isolado. Você fez até uma criança chorar hoje que eu sei!

CV parte pra cima do CN e começam a brigar, no meio da briga o baseado cai da boca de CV.

CV
Meu baseado!

Enquanto o CV começa a procurar o baseado no chão, CN volta a se sentar. CV acha o baseado, coloca-o na boca novamente e senta-se ao lado de CN.
(pausa)

Sonho Beck-Ttiano Ato #04

CN
- Mas você não irá me responder?

CV
- Responder o que?

CN
- Porque a perdeu afinal de contas?
CV
- O que eu perdi? (preocupado revirando seus bolsos)

CN pega CV pelos braços e o sacode.

CN
- A alegria homem! Porque a perdeu?

CV
- Mas eu já não respondi?

CN
- Não, você me disse o porquê era alegre, mas não por que perdeu a alegria!

CV
- Ah!

CN
- Anda, estou ficando com sono!

CV
- Não sei, eu achava antes que as pessoas que também eram alegres tinham sua alegria baseada na mesma origem que a minha, de ter uma relação pacífica com todos os desejos e angústias humanas. E como a maioria das pessoas que eu conhecia aparentavam ser alegres, pensava: Bom, esse é o mundo em que eu quero viver! Mas aos poucos percebi que não era isso, muitas delas não eram alegres, fingiam estar alegres. Outras ainda eram apenas tontas, sabe. A alegria delas não vinha de uma superação diária de conflitos, elas se fechavam em um mundo estático, por mais complexo que ele fosse, uma hora se tornava estático, e por isso se sentiam felizes. Quando percebi isso acabei me tornando triste, foi assim!
CN
- Triste ou melancólico?

CV
- Não sei, tanto faz!

CN
- Mas nenhuma dessas pessoas alegres que você conheceu era alegre exatamente pelo mesmo motivo que você?

CV
Não, nenhuma que eu me lembre!

CN
Que exagero! (não sabendo se acredita ou não na afirmação de CV)
(pausa)

quarta-feira, setembro 1

Sonho Beck-Ttiano Ato #03

CV
- Eu já dominei a arte da vida sabe?

CN
- Ah sim?

CV
- Foi.

CN
- Já foi brasileiro um dia então?

CV
- Exato! (surpreso) Conhece a poesia também?

CN
- Claro, nosso Xará não?

CV apenas sorri.

CN
- E porque a perdeu?

CV
- O que eu perdi? (começa a procurar algo em seus bolsos)

CN
- A poesia, a arte, a vida...

CV
- Ahh...(parando de procurar) É engraçado....

CN
- Normalmente é!

CV
- Não sei. Eu sabia me portar em qualquer local, tivesse eu entre pessoas mais pobres ou entre os mais ricos. Eu tinha essa áurea que os profetas e santos tem, que faz com que eles consigam se comunicar, num sentido sentimental, com qualquer ser humano entende? Eu era uma argila concisa, firme, mas que nunca endurecia. Eu me moldava à forma, e em qualquer forma que eu estivesse minha força fazia com que eu reconfigurasse o local em que eu estava, eu transformava a forma, eu transformava todos. Pra mim isso era maravilhoso, isso me trazia alegria, e eu nem sabia.

CN
- Engraçado, eu sinto o mesmo em relação a mim. Que bacana, eu nunca tinha parado pra pensar, mas é mais ou menos isso.

CV
- Agora eu sei... assumo... que esta habilidade que eu tinha, que esta comunhão com a vida, com a poesia, com a arte, com os outros seres humanos não vale mais do que uma mágica qualquer de um entortador de colheres.

CN
- (com a alegria de uma criança) Eu adoraria saber entortar colheres!

CV
- Mas é só uma mágica!

CN
- O que não é?

CV
- Mas agora eu sei!! (com convicção)

CN
- Sabe?

CV
- Agora eu sei!! (com mais convicção)

CN
- Então você não sabe!
(pausa)

Sonho Beck-Ttiano Ato #02

CN
- Como você se chama?

CV
- Carlos!

CN
- Que bacana! Você é xará de um grande amigo meu!

CV
- Sério?

CN
-Sim, eu!

CV
- Você o quê?

CN
- Eu!

CV
- Achei que você tinha falado que eu era xará do seu amigo. Não você!

CN
- Não, quis dizer que eu sou o meu grande amigo!

CV
- Ah. Então você também se chama Carlos!

CN
- Elementar meu caro Watson.

CV
-Desculpe, não tinha entendido!

CN
- (com cara de pena) Por quê? Você não é um grande amigo de si mesmo?
(pausa)

Sonho Beck-Ttiano Ato #01

Legenda:
CV = Carlos Velho (28 anos)
CN = Carlos Novo (22 anos)

CV está sentado olhando para o infinito, com um baseado apagado na boca. CN se aproxima de CV, que sente a chegada de outra pessoa mas não muda de expressão. CN indaga com carinho CV
CN
- Eu estava te observando de longe. Vc está infeliz, estou correto?
CV
- (risos sem graça)...Não sei, é que é difícil sabe.. (sente vontade de chorar, mas na verdade não sente, tanto que não chora)

CN não responde, se senta e aguarda CV continuar a falar.
CV
- Não sei se é infeliz....Infelicidade me remete a tristeza... Acho que não é tristeza. Porque se fosse tristeza seria mais fácil de lidar, creio eu...sabe? Tristeza parece mais simples, é só achar a alegria e pronto!..Acho que não sei.....Melancolia talvez?

CN continua quieto e olhando CV nos olhos carinhosamente.

CV
- E é difícil sabe? (levemente irritado, não com CN, mas com a situação) Você chega aqui e me pergunta isso.. Eu tenho me questionado isso há tempos, e você vem aqui e me pergunta isso, como se eu tivesse uma resposta imediata.... Eu não tenho (gaguejando e embaraçado).... sabe... enfim.... com licença. (nervoso e muito embaraçado)

CN faz sinal de que dá licença para CV e continua sentado olhando pra ele. CV não olha em nenhum momento pra CN, se levanta e anda em outra direção, longe de CN.

CV
Em pensamento: Se eu pelo menos pudesse passar imediatamente todos os pensamentos que eu tive nesses últimos 3 anos, acho que ele me entenderia. Mas eu não posso não é mesmo? (pergunta retórica)

CN
(sentado, afastado de CV e olhando para o lado oposto) Em pensamento: Não!

CV se sente mais confiante, como se deixasse a melancolia um pouco de lado e vai sentar junto de CN.

CV
- É bom achar alguém pra conversar sabe? Nós quase nunca conversamos. Não digo eu e você, eu nem te conheço, mas nós, humanos. Não que a gente não fale bastante, mas não é conversa....(como se esperando um sinal de aprovação de CN).. Você me entende não?

CN
- Entendo e concordo! (sorrindo para CV)

CV sorri também e já não se sente mais inibido na situação.

CN
- Sobre o que quer conversar?

CV
- Não sei. Sobre qualquer coisa que engula tudo isso, que engula nós os dois, que engula esse lugar. Que faça tudo isso aqui parecer pequeno.

CN
- Mas isso aqui é pequeno!

CV
- Exato!! Falar sobre a brevidade do tempo, sobre outros mundos imagináveis, sobre o tamanho das estrelas, sobre a certeza da morte! (cara de aflito)

CN
- Sobre a certeza do amor! (cara de contente)
(pausa)

quarta-feira, julho 14

Manhêeeee..... acabei!!

O século XXI me dará razão, por abandonar na linguagem & na ação a civilização cristã oriental & ocidental com sua tecnologia de extermínio & ferro velho, seus computadores de controle, sua moral, seus poetas babosos, seu câncer que-ninguém-descobre-a-causa, seus foguetes nucleares caralhudos, sua explosão demográfica, seus legumes envenenados, seu sindicato policial do crime, seus ministros gangsters, seus gangsters ministros, seus partidos de esquerda-fascistas, suas mulheres navi-escola, suas fardas vitoriosas, seus cassetes eletrônicos, sua gripe espanhola, sua ordem unida, sua epidemia suicida, seus literatos sedentários, seus leões-de-chácara da cultura, seus pró-Cuba, seus anti-Cuba, seus capachos do PC, seus bidês da direita, seus cérebros de água-choca, suas mumunhas sempiternas, suas xícaras de chá, seus manuais de estéticas, sua aldeia global, seu rebanho-que-saca, suas gaiolas, seu jardinzinhos com vidro fumê, seus sonhos paralíticos de televisão, suas cocotas, seus rios cheio de sardinha, suas preces, suas panquecas recheadas com desgosto, suas últimas esperanças, suas tripas, seu luar de agosto, seus chatos, suas cidades embalsamadas, sua tristeza, seus cretinos sorridentes, sua lepra, sua jaula, sua estrictina, seus mares de lama, seus mananciais de desespero.

terça-feira, julho 6

...n...a...z...a...r...'a...bi...'a]]..7.6..6.7...89.-;glv-

...Esta é a minha estória.
Sim, esta é a minha estória....

Eu venho dos confins de Andrômeda.
Imaginem o planeta Terra, o sistema solar, a Via Láctea, sua galáxia...
Eu venho de outra galáxia!!!
Uma azul, muito, mas muito além do mundo que conhecem!!!
O lugar de onde venho é o "Além do Azul Selvagem".

Nossa estrela estava morrendo.
Foi como a Era do Gelo, mas muito mais severa.
Tínhamos que fazer algo, nós tínhamos que partir.
Partiram armadas inteiras de naves e se dispersaram pelo universo.
Não sei aonde estão.
Suponho que estejam todas perdidas.
Umas poucas conseguiram chegar a seu planeta, o Planeta Terra.
Alguns de nós chegaram cedo. Foram somente uns minutos de nosso tempo,...
mas no tempo terrestre...
chegamos 100 anos mais cedo!!!
Eles chegaram do céu e...... cara, eles foram ovacionados!!!!

O que aconteceu depois disso eu não sei.
Mas nem tudo era uma maravilha neste planeta.
Ficamos com saudades de casa, desesperados!!!
Um de nós tentou se matar mas ele se salvou.
Sabem? Nossos tatara tatara tatara tatara tataravós...foram grandes cientistas!!!

Nossa viagem foi longa e chata.
E quando chegamos aqui centenas e centenas e centenas de anos depois
os que chegaram aqui eram simplesmente um desastre.
Eu cheguei no terceiro grupo, e tínhamos grandes planos.
Sabíamos que tínhamos que causar uma grande impressão...
assim, decidimos construir uma grande cidade capital,...
Isto era maravilhoso, porque...duas linhas de trem se convergem exatamente aqui!
Aqui nós construimos isto para que fosse o mercado.
E aqui ia estar a Corte Suprema.
e aquí o Congresso.
E lá o Pentágono.
e bem, bem lá no fundo, ia ser o grande Memorial à Andrômeda.

Mas a coisa toda resultou numa porcaria:
ninguém veio, ninguém se estabeleceu, ninguém comprou nada.
Vocês vêem os alienígenas como super seres tecnologicamente desenvolvidos...
que podem destruir Nova Yorque em dois minutos cravados.
Bem, odeio dizer isto, mas nós, os alienígenas,...somos patéticos!!

Viajamos do extremo mais longíguo da galáxia de Andrômeda...
Você tem idéia do longe que isso é???? Tem?????
NÃO, VOCÊ NÃO TEM!!!

Vamos deixar isso claro desde o início:
A estrela mais próxima deste planeta,
ou melhor, dessa manchinha de poeira, está só a quatro e meio anos luz daqui,
e permita-me dizer que em Alfa Centauro faz um par de milhões de graus de calor,
que, sem querer exagerar é desagradável.

Agora, qual é a velocidade da luz?
Usando combustível convencional, quero dizer, combustível para foguetes,
alcançar uns 30% da velocidade da luz,
exigiría todos os tanques de combustível que há na Terra.
O equivalente, digamos, as Montanhas Rochosas.
Se necessitaría toda a massa no universo visível ao olho humano.
Isso é a Terra, o sol, o sistema solar, a Via Láctea, todas as estrelas de sua galáxia, todas as estrelas das galáxias vizinhas.

Agora, a que velocidade você poderia ter ido?
A velocidade máxima alcançada até hoje foi alcançada pela sonda Voyager,
que alcançou aproximadamente 55.000 milhas/hora.
e nesse momento está se afastando de seu sistema solar para o espaço profundo.
Agora, suponhamos que essa é uma nave espacial, e vocês são astronautas a bordo dela,
e você se dirigem para Alfa Centauro, que, eu quero lhes lembrar,
está 4,5 anos luz daqui.

Suponhamos que vocês começaram essa viagem a 25.000 anos
Essa é a época do homem de Cromagnon, das pinturas paleolíticas no Sul da França.
Você estão caçando bisões, rinocerontes, pequenos mamíferos.
e você viajam a 55.000 milhas/hora por outros 10.000 anos.
Agora, o homem neolítico começa a praticar a agricultura, a domesticar animais, ovelhas, cabras, cavalos, porcos.
E quando eu digo porcos me refiro aos porcos vivos e domesticados.

Este foi o primeiro pecado da humanidade... Porque?
Porque para criar animais vocês tiveram que se tornar sedentários,
Isto começou os assentamentos, que originaram as aldeias, que originaram as cidades,
que originaram todos os problemas que serão a destruição da humanidade.
Criar cães não é um pecado, porque eles podem levar uma vida nômade com você.
Mas...porcos?
Aí estava o pecado!!

Eu divaguei.

A nave continua seu caminho por outros 6.000 anos.
O antigo Egito: faraós, pirâmides...
mais 2000 anos, passando pela Grécia antiga, Roma antiga.
e chega na Idade Média, e outro pecado:
Um poeta italiano decide que sería uma boa idéia subir uma montanha,
simplesmente por diversão.
Os Suíços não fizeram isso, os Alemães não o fizeram.
até que um Inglês chato do Séc. XIX pagou para eles.
E aí eles roubaram a dignidade da montanha.
Aquilo foi um pecado!!!

A nave segue viajando...
a Declaração da Independência, 1ª Guerra Mundial, o Comunismo, 2ª Guerra Mundial, Marilyn Monroe, Elvis Presley, até os dias de hoje.
Agora,...
Agora... até onde você foram????

Teriam feito somente 15% da viagem até Alfa Centauro!!!!
Vocês teriam que procriar-se em 500 gerações.
Como vocês teriam evitado a endogamia, as rebeliões, homicídios...?
Você não teriam se tornado um fenômeno grotescamente mal formados?
Sem nenhuma idéia de onde vieram, ou para que vocês começaram esta viagem.
E eu poderia acrescentar que a estrela mais próxima,
que pode ser considerada habitável,não está a 4,5 anos luz daqui...

....Está bem mais para 200.000!!!...

quarta-feira, junho 30

Cirurgia para o Romance

Você fala do futuro do bebê, pequeno querubim, enquanto ele ainda chora em seu berço; e esse tema é ainda romanesco, glamuroso. Você fala também com o padre sobre o futuro do vovozinho desagradável que finalmente agoniza em seu leito de morte. E novamente tem-se um tema que provoca uma vaga emoção, dessa vez apoiada no medo.

Mas o que achamos do romance? Pulamos de alegria ao pensar no maravilhoso futuro que o espera? Ou balançamos tristemente a cabeça esperando que essa desagradável criatura não tenha mais do que alguns dias de vida? Estaria o romance em seu leito de morte, como um velho pecador? Ou estaria apenas saltitando ao redor de seu berço, coisinha linda? Vamos dar mais uma olhada nele antes de decidir sobre esse assunto tão sério.

Aqui está, esse monstro de muitas faces, de muitos ramos, como uma árvore: o romance moderno. Ele é quase duplo, como gêmeo siameses. De um lado, o romance de face pálida, o romance intelectual, sério, e que deve ser levado a sério; do outro, esse patife dissimulado e um pouco enganador, o romance popular.

Sintamos por um momento, do lado sério de Briareus, os pulsos de Ulisses, da senhora Dorothy Richardson e do Sr. Marcel Proust, e do outro, as pulsações do The Sheik, do Sr. Zane Grey e, se desejar, do Sr. Robert Chambers e de alguns outros. Ulisses estaria ainda em seu bercinho? Meu Deus! Que rosto pálido! E Pointed Roofs, seria uma espécie de jogo divertido para garotinhas bem comportadas? E Proust! Ai de mim! Você pode ouvir o estertor (respiração moribunda) em sua garganta. Eles mesmos podem se ouvir. E ouvem com uma atenção apaixonada, tentando descobrir se os intervalos são terças menores ou quartas maiores. É realmente pueril.

Eis o romance “sério”, morrendo numa interminável agonia de quatorze volumes, apaixonada e infantilmente interessada por esse fenômeno. “Será que senti um ardor em meu dedinho do pé, ou não?” perguntam-se os personagens do Sr. Joyce, da Sra. Richardson ou do Sr. Proust. “Seria minha aura uma mistura de incenso, chá preto e graxa de sapato, ou então de mirra, toucinho e lã das ilhas Shetland?” A plateia, ao redor do leito de morte, aguarda tranquilamente a resposta. E quando, pronunciada em voz sepulcral, vem finalmente a resposta após centenas de páginas: “Não é nenhum desses odores, mas do puro cloro coriambasis”, a plateia extasiada murmura: “É exatamente assim que me sinto.”

Eis a sinistra e interminável comédia de agonia do romance sério. A consciência é cortada em pedaços tão finos que são invisíveis para a maioria, e você terá que ir pelo cheiro. Durante centenas e centenas de páginas, Mr. Joyce e Miss Richardson esmiúçam, desnudam as menores emoções até as fibras mais finas, dando-nos a impressão de estarmos costurados no interior de um colchão de lã lentamente soldado, e de sermos transformados em lã junto com o resto da lanosidade.

É terrível. É pueril. É realmente pueril, após certa idade, estar constantemente se analisando. Precisamos ser conscientes de nós mesmos aos dezessete anos, um pouco conscientes aos vinte e sete, mas continuar sendo aos trinta e sete indica um bloqueio do desenvolvimento, e nada mais. E se isso continua aos quarenta e sete, trata-se manifestadamente de senilidade precoce.

O conteúdo do romance sério é assim, precocemente senil. Profundamente, infantilmente ocupado com o que sou eu? “Eu sou isso, eu sou aquilo, eu sou o outro. Minhas reações são essas, essas e essas. Meu Deus, e se eu quisesse me observar atentamente, se quisesse analisar meus sentimentos com precisão ao desabotoar minhas luvas em vez de dizer simplesmente que eu as desabotoo, poderia então continuar por milhões de páginas em vez de milhares. De fato, quanto mais penso nisso, mais acho grosseiro e pouco civilizado dizer subitamente: eu desabotoei minhas luvas. Todavia, que aventura apaixonante! Por qual botão comecei?”, etc.

As pessoas dos romances sérios estão tão preocupadas consigo mesmas, com o que sentem ou não sentem, e como reagem a todo tedioso botão, assim como o seu público está apaixonadamente preocupado em aplicar as descobertas do autor às suas próprias reações: “Sou eu! É exatamente isso! Eu me reconheço integralmente nesse livro!” Vejam, isso é mais do que agonia, é quase uma conduta post-mortem.

Serão necessárias algumas convulsões e cataclismos para tirar o romance sério dessa análise de si. A última grande guerra só piorou as coisas. O que se pode fazer? Porque, infelizmente, ele ainda é muito jovem. O romance nunca chegou à sua maturidade. Ele nunca atingiu a idade da razão. Esse jovenzinho sempre agourou o futuro ao se apiedar de si mesmo na última página. O que é simplesmente pueril. Essa criancice tornou-se insuportável, assim como tantos jovens prolongam sua adolescência até os quarenta, cinqüenta, sessenta anos! Uma cirurgia é necessária em algum lugar.

Vejamos agora os romances populares, os Sheik, os Babitt e os romances de Zane Grey. Eles também estão centrados sobre si mesmos. No entanto, possuem mais ilusões sobre si mesmos. As heroínas acreditam verdadeiramente que são mais bonitas, mais atraentes, mais puras. Os heróis se acham mais heroicos, mais bravos e cavalheirescos, mais sedutores. O conjunto do povo se “reconhece” no romance popular. Mas hoje em dia, se reconhece numa espécie curiosa de eu. Um Sheik, que guarda um chicote de reserva, uma heroína com feridas nas costas, mas que é adorada, adorada no final, já sem o chicote, mas com as feridas ainda um pouco visíveis.

A massa descobre um tipo de eu divertido nos romances populares. A moral da história que surge de If Winter comes, por exemplo, é ousada: “Quanto melhor você é, pior para você, pobre de ti, oh!pobre de ti. Não seja tão inviolavelmente bom, não vale a pena.” Ou a de Babitt: “Vá em frente, faça fortuna, e depois acredite que você vale mais do que isso. ... Eles só estão contentes consigo mesmos quando enriquecem. Você pode fazer melhor que isso.”

Sempre o mesmo fermento para fazer você crescer: o refrigerante neutralizando o molho tártaro, o tártaro neutralizando o refrigerante. As heroínas de Sheik, devidamente chicoteadas, loucamente adoradas. As de Babitt, com uma sólida fortuna e chorando com pena de si mesmas. Os heróis de If Winter comes, bons como torta e arrastados para a prisão. Moral: Não seja muito bom, porque você pode ir para cadeia. Moral: Não se apiede de si mesmo antes de ter enriquecido e, portanto, de ser obrigado a chorar de si mesmo. Moral: Não deixe eles te adorarem antes de terem te forçado a te adorar te chicoteando. Você será cúmplice de um crime benigno, como no santo casamento.

Eis o que ainda é pueril. A adolescência que não pode crescer. Atolados no egocentrismo até a loucura. Prolongando a adolescência até a idade adulta e a velhice, como a louca Cleópatra de Dombey and Son, murmurando antes de morrer: “Cortinas rosa”.

O futuro do romance? Pobre velho romance, ele está num canto sujo, bagunçado e apertado. Ou ele pula ou faz um buraco no muro. Em outras palavras, ele tem que crescer. Deixemos de lado essas criancices como: “Será que amo ou não amo essa garota?” “Serei eu pura e meiga, ou não?” “Devo desabotoar primeiro minha luva direita ou minha luva esquerda?” “Será que minha mãe arruinou minha vida ao recusar o chocolate quente que minha esposa lhe preparou?” Essas questões e suas respostas deixaram realmente de me interessar, mesmo que as pessoas ainda gostem cada vez mais delas. Eu simplesmente deixei de me interessar por esse tipo de coisa como me interessava antes. No que me concerne, as coisas puramente emotivas e analíticas já tiveram sua época. Para mim chega! Estou morto para todo mundo. Mas não blasé, nem cínico. Estou simplesmente interessado em outra coisa.

Suponhamos uma bomba colocada sob todo esse estado de coisas, o que aconteceria? Que sentimentos queremos levar para a próxima época? Que sentimentos irão nos carregar? Que impulso secreto irá nos fornecer a força motivadora para um novo estado de coisas, quando nossa ordem das coisas democrático-industrial-queridinha-eu-quero-minha-mãe tiver desaparecido?

What next? É isso que me interessa. “What now?” não tem mais graça.

Se você quiser encontrar no passado livros what-next, você pode retornar aos filósofos gregos. Os diálogos de Platão são pequenos romances estanhos. Acho que a separação da ficção e da filosofia foi a pior coisa do mundo. Elas costumavam ser uma só, desde os tempos do mito. Depois, com Aristóteles, São Tomas de Aquino e o abominável Kant, elas se separaram como um casal resmungão. Assim, o romance se torna insípido e a filosofia, árida e abstrata. Os dois deveriam se unir novamente no romance. Precisamos descobrir um novo impulso na humanidade para criar novas coisas, e é realmente desastroso descobri-lo através da abstração. Não, não; filosofia e religião foram longe demais na via da abstração. Deixemos X para as ovelhas e Y para as cabras; X menos Y igual a Céu, e X vezes Y igual a Terra, e Y menos X igual a Inferno. Muito obrigado! Mas qual é a cor da camisa de X?

O romance tem um futuro. Mas ele deve ter coragem de apresentar novas propostas sem usar abstrações; ele deve nos oferecer sentimentos novos, realmente novos, toda uma linha de novas emoções que irá nos desviar de nossa via emocional. Em vez de choramingar pelo que é e pelo que foi, ou de inventar novas sensações à moda antiga, ele precisa abrir caminho, fazer um buraco no muro. E o público irá gritar e dizer que isso é um sacrilégio. É claro! Quando você passa muito tempo num lugar apertado, e realmente se acostuma com sua estreiteza e falta de ar até considerá-lo extremamente confortável, você fica horrorizado vendo um novo buraco aberto nesse que era seu muro confortável. Você fica horrorizado. Você foge da corrente de ar fresco como se ela estivesse te matando. Mas pouco a pouco, as ovelhas se enfileiraram uma a uma diante da abertura e descobriram um mundo novo do lado de fora.

Take the red pill!

Aquilo que se deve ter como referência não é o grande modelo da língua e dos signos, mas sim da guerra e da batalha. A historicidade que nos domina e nos determina é belicosa e não linguística. Relação de poder, não relação de sentido. A história não tem "sentido", o que não quer dizer que seja absurda ou incoerente. Ao contrário, é inteligível e deve poder ser analisada em seus mínimos detalhes, mas segundo a inteligibilidade das lutas, das estratégias, das táticas. Nem a dialética (como lógica de contradição), nem a semiótica (como estrutura da comunicação) não poderiam dar conta do que é a inteligibilidade intrínseca dos conflitos. A "dialética" é uma maneira de evitar a realidade aleatória e aberta desta inteligibilidade reduzindo-a ao esqueleto hegeliano; e a "semiologia" é uma maneira de evitar seu caráter violento, sangrento e mortal, reduzindo-a à forma apaziguada e platônica da linguagem e do diálogo.

terça-feira, junho 22

Cara Boa!

Tecendo a liberdade

Rio que desagua em ribanceira
Mais que rio, é cachoeira
Foice que se ergue na labuta
Mais que foice, é a luta

Coro que encontra ouvido atento
Mais que coro, instrumento
Olho que decifra o abc
Mais que olho, é poder

Sola que se gasta na andança
Mais que sola, é mudança
Voz que não cala frente a lida
Mais que voz: voz da vida

Vai Curintia!

Eu acho esse negócio de Corinthiano querer construir um estádio uma coisa bem boba. Pra quê S. Paulo precisa de mais um estádio? Quem ia se beneficiar com a construção?

O que daria mais retorno ao clube: a construção de um novo estádio, comprar o Pacaembú ou continuar alugando? ..A decisão tem que ser tomada olhando o balanço do clube casado com o interesse da população em construir um novo estádio de futebol na cidade. Em qualquer mundo civilizado essa seria a ÚNICA questão a ser colocada até ter uma resposta aceitável. (por isso o jornalismo é uma palhaçada, ele já se coloca como estéril desde o principio, ele já aceita um mundo) e não porque um time tem e eu não tenho, ou porque um time PRECISA de um estádio.

Pacaembú é MUITO, MAS MUITO bem localizado (caso seja mais rentável que alugar, e acredito que bem administrado a longo prazo não tem como não ser...além de ladrão tem que ser burro pra não conseguir) ...tem história, tem o principal museu do país referente a futebol, sediou jogos da Copa de 50 (todos os jogos da fase final, fora os do Brasil foram lá), é um estádio do caralho... e não precisa de muitas reformas ...dane-se a Copa, deveria ser feita no Morumbi mesmo, coisa idiota, ia ser um metrô bom pra população se chegasse até o Jardim Ângela e Capão Redondo.... é isso que temos que cobrar, e não se o time tem estádio (o Milan não tem, não necessariamente é mais rentável) ...são como os recursos vão ser usado pra melhorar o serviço da população.

Ainda vamos ganhar a Libertadores no Pacaembú, é que foi mal, combinei com São Jorge só depois que tiver um filho.....

segunda-feira, junho 14

Homem com AGÁ!

- Não, não. Há mais que isso. Viver é avançar, e minha vida recusa-se a fluir pelos canais abertos do homem. Logo, não presto pra nada, e não tenho o direito de enfiar uma mulher na minha vida, já que minha vida não vai dar em coisa nenhuma. É preciso que um homem ofereça à mulher uma vida que tenha sentido. Não posso tornar-me apenas o macho dessa mulher.
- Porque não?
- Porque não posso. Você acabaria me odiando.
- Como se não pudesse confiar em mim!...
O riso escarninho perpassou-lhe pelos lábios
- O dinheiro é seu – disse ele-; a situação social é sua; quem decide é você. Eu, afinal de contas, não passaria do fornicador de madame.
- E o que poderia ser além disso?
Aí está! Alguma coisa invisível! Para mim mesmo, sou alguma coisa. Compreendo o sentido da minha existência, embora admita que ninguém mais a compreenda.
- E essa existência perderia o sentido se vivêssemos juntos?
Mellors calou-se por alguns momentos antes de responder.
- Talvez – disse por fim.
- E qual o sentido da sua existência?
- Já disse que é invisível. Não creio no mundo, nem no dinheiro, nem no progresso, nem no futuro da nossa civilização. Para que a humanidade tenha um futuro é necessário que uma grande mudança se dê.
- E qual seria o verdadeiro futuro?
- Deus sabe! Sinto qualquer coisa em mim, misturada com muita coléra. Mas o que é, exatamente, não sei dizer.
- Quer que lhe diga? Quer que lhe diga o que você tem e os outros homens não têm?
- Fale.
- A coragem dos próprios sentimentos, a coragem da ternura; essa coragem que o faz por a mão no meu traseiro e dizer que tenho uma magnífica bunda!
O risinho perverso desapareceu-lhe do rosto.
É isso mesmo!
Refletiu um instante e disse:
- Sim, tem razão. É isso tudo e também em minhas relações com os homens do Exército. Era preciso manter com eles um contato físico e não recuar. Era necessário tratá-los como seres físicos e dar-lhes um pouco de ternura, ainda que isso para eles fosse a morte. Uma questão de intimidade como disse Buda. Mas o próprio Buda recuou diante dessa ternura física, que é o que mais vale, entre os homens de sadia virilidade. É o que faz os homens verdadeiros, e não simples macacos. Sim, é a ternura, é o interesse pela cona. Sexo não passa de toque, contato, o mais íntimo dos contatos. É desse contato que temos medo. Temos de nos tornar conscientes e vivos.

sexta-feira, junho 11

Centro Acadêmico Luz Cósmica

Não me agradam esses homens
bem fracionados no tempo,
cedendo-se amavelmente
em todas ocasiões
e mais também não me agradam
os partidários tão vários,
de toda moderação.
Vou passando bem distante
desses homens comedidos
desses homens moderados. -

Antônio guarda seu vinho
muito mais de vinte anos
para bebê-lo mais velho;
Clara não estréia o vestido
quer outra oportunidade;

os noivos em castidade
bem além de doze anos
ainda apregoam o amor.

Os homens de ferro hoje
só sabem anunciar
uma mensagem de espera:
Aguarda a felicidade,
vê o momento oportuno,
não penses nunca em amor
nem sejas tão ansioso,
resiste à melhor viagem
desconhece a emoção. -

O hino dos comedidos
de todos bem fracionados
a humanidade invadiu.
Desejam oportuníssimos
sempre expelindo relógios,
aguardam os melhores instantes
subdivididos em prazos,
doutrinam sincronizados
sofrendo convencionais,
apenas grandes tristezas
creditadas nos jornais. -

Eu? Eu já sou diferente.
Não sei viver minha vida
entoada nesse hino,
esterilizada em prazos
de regras universais.
Não me situo na espera
e por profissão de fé
acredito em circunstância,
acredito em vida intensa,
acredito que se sofra,
mesmo muito, por amor.

Adeus homens moderados,
adeus que sou diferente.
Compreendo a mulher que rasga
as vestes em grande dor
e sinto imensa ternura
pelo homem desesperado.

quinta-feira, maio 27

..Don't Believe the Hype..

Aproximadamente um trilhão de dólares (984 bilhões de dólares pra ser mais exato) é gasto por ano com equipamentos militares no mundo. E isto somando APENAS os 10 países que mais têm gastos militares no mundo, a saber: (EUA – 607bi; China – 61bi; Reino Unido – 60bi; Japão – 47bi; França - 41bi; Alemanha – 40bi; Arábia Saudita – 38bi; Rússia – 36bi; Coréia do Sul – 29bi; Índia – 25bi). Ou seja, um trilhão de dólares do esforço da humanidade por ano é gasto para produzir coisas para matar a própria humanidade! Aeeeeeeeeeeeeee
E o engraçado é que a maioria das pessoas sabe disso (podem não saber o valor exato), mas acham isso normal, que o mundo é assim, e ó, que peninha de nós mesmos..... Porra, péra lá, como uma pessoa que defende a ética, que acha absurdo o desvio de verbas na casa dos milhões de dólares (e tem que achar um absurdo mesmo, mesmo na escala dos centavos!), pode achar NORMAL o mundo gastar 1 TRILHÃO DE DÓLARES em armamentos militares por ano? É de uma incongruência ímpar! Imagina o que se pode fazer com 1 trilhão de dólares bem gerenciado? Você acaba com a fome no mundo com um peido!
Se o jornalismo fosse sério, e não comandado pelos mesmos genocidas que ganham dinheiro fazendo guerras, a única notícia relevante seria esta. Imagina, você abrindo o jornal e a manchete: “Genocidas gastam 1 trilhão de dólares por ano do esforço humano pra coibir, matar e tirar a liberdade de outros seres humanos”, no dia seguinte: “Esse putos de genocidas ainda continuam gastando 1 trilhão de dólares com armas pra justificar sua incapacidade de amar o outro”. Enquanto o jornalismo não chegar a um ponto parecido a isto, ele será o que sempre foi com raríssimas exceções: uma merda! Não que eu seja contra alguém saber se quando a Britney Spears saiu do carro apareceu a xereca dela (eu adoro uma xereca!), ou de ler mil notícias falando sobre a mesma coisa num jogo de futebol. Cada um que consuma o que quiser, contanto que não faça mal a outra pessoa. Mas cá entre nós, como relevância, a xereca da Britney Spears está pros gastos militares assim como minha punheta está para o futuro da humanidade.
Mesmo os jornalistas que se dizem sério, nunca vão ao cerne da questão, e em sua grande maioria ainda estão presos na visão dialética e ideológica do mundo. Muito deles ainda fazem parte de uma esquerda estéril que já deveria ter sido extinta há tempos. Muitos apóiam a decisão do Lula na questão do Irã, por exemplo, obviamente que a posição que ele adota é muito menos cretina do que o palhaço do FHC, que era um fantoche, mas a questão é muito mais profunda do que isso. Eu só vou me sentir realmente representado quando o representante do meu país apoiar o fim de qualquer gasto militar no mundo, não quero que as forças militares do mundo se equilibrem, eu quero que elas não existam, que não sejamos mais “governados” (o correto é escravizados) pelos genocidas. Quero propostas e sinceridade, não negociadores e hipócritas, e isso o Lula é igual ao FHC ou a qualquer outro governante. Quero alguém que dialogue comigo horizontalmente, e não alguém que ache que tem que tomar conta de mim. Não preciso de cuidados, obrigado!
Outra questão relevante é como estes gastos militares se tornaram uma das principais (senão a principal) fonte de corrupção no mundo. Se pegarmos a segunda guerra mundial por exemplo, vemos que toda a população da União Soviética, teve que trabalhar, em condições de extrema escassez de recursos na produção militar. Mas isto não era fonte de corrupção, porque se eles não trabalhassem com afinco nisso, seriam conquistado pelos alemães. Hoje em dia a história é bem diferente, tenham certeza que grande parte dos 600 bilhões de dólares divulgados pelos EUA com gastos militares vão pro bolso dos genocidas e não pra gastos efetivos na área militar. Até porque eles não estão interessados em destruir o mundo (até os genocidas compreendem que vivem no mesmo mundo que nós), mas sim em continuar a ter justificativa para roubar milhões de cidadãos.
O filme “Soldado Anônimo” dirigido pelo Sam Mendes (o mesmo de “Beleza Americana”) mostra brilhantemente este lado da corrupção das forças armadas. Mostra como na guerra do Iraque a infantaria americana está cheia de boçais (formada principalmente por pobres querendo o Green Card) e de equipamentos que não funcionam. Mas os equipamentos não funcionam por quê? Porque os fabricantes são incompetentes? Óbvio que não! Os equipamentos foram feitos para não funcionar, porque é aí que você pode roubar. Você justifica no orçamento que cada soldado custa 100 mil dólares por mês por exemplo, quando na verdade ele custa 5, e os outros 95 mil você embolsa do otário e medroso contribuinte que acha que você está lá pra defender a democracia no mundo. O genocida sabe que a guerra moderna não é mais travada no campo de batalha e sim em salas de negociação, e que essa visão da guerra clássica em campo de batalhas é só show para a massa achar que você está fazendo alguma coisa, quando na verdade essa guerra é tão real quanto a um filme ou uma novela de TV (minto, um pouco mais real, porque nessa guerra você tem que matar algumas pessoas de verdade pra fazer notícia). E é assim que funciona o poder nos dias de hoje, que se opera muito mais pelo controle da subjetividade do que pelo controle dos corpos.

terça-feira, maio 25

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...a esquizofrenia é indissociável do sitema capitalista, ele próprio concebido como uma primeira fuga: uma doença exclusiva. Nas outras sociedades, a fuga e a marginalidade assumem outros aspectos. O indivíduo a-social das chamadas sociedades primitivas não é internado. A prisão e o asilo são noções recentes. Ele é expulso, exila-se para o limite da aldeia e aí morre, a menos que vá se integrar numa aldeia vizinha. Cada sistema tem, aliás, a sua doença particular: o histérico das chamadas sociedades primitivas, as manias depressivas-paranóicas no Grande Império... A economia capitalista procede por descodificação e desterritorialização: tem os seus doentes extremos, isto é, os esquizofrênicos, que, no limite, se descodificam e desterritorializam, mas tem também as suas consequências extremas, os revolucionários.....

sexta-feira, maio 21

...poesiando...

...abordamos uma época em que, esfumando-se os antagonismos da guerra fria, aparecem mais distintamente as ameaças principais que nossas sociedades produtivistas fazem pairar sobre a espécie humana, cuja sobrevivência nesse planeta está ameaçada, não apenas pelas degradações ambientais, mas também pela degenerescência do tecido das soliedariedades sociais e dos modos de vida psíquicos que convêm literalmente reinventar. A refundação do político deverá passar pelas dimensões estéticas e analíticas que estão impliciadas nas três ecologias: do meio ambiente, do socius e da psique.
Não se pode conceber resposta ao envenenamento da atmsofera e ao aquecimento do planeta, devidos ao efeito estufa, uma estabilização demográfica, sem uma mutação das mentalidades, sem a promoção de uma nova arte de viver em sociedade. Não se pode conceber disciplina internacional nesse domínio sem trazer uma solução para os problemas da fome no mundo, da hiperinflação no Terceiro Mundo. Não se pode conceber uma recomposição coletiva do socius, correlativa a uma re-singularização da subjetividade, a uma nova forma de conceber a democracia política e economia, respeitando as diferenças culturais, sem múltiplas revoluções moleculares. Não se pode esperar uma melhoria das condições de vida da espécie humana sem um esforço considerável de promoção da condição feminina. O conjunto da divisão do trabalho, seus modos de valorização e suas finalidades devem ser igualmente repensados. A produção pela produção, a obsessão pela taxa de crescimento, quer seja no mercado capitalista ou na economia planificada, conduzem a absurdidades monstruosas. A única finalidade aceitável das atividades humanas é a produção de uma subjetividade que enriqueça de modo contínuo sua relação com o mundo.
Os dispositivos de produção de subjetividade podem existir em escala de megalópoles assim como em escala dos jogos de linguagem de um indivíduo. Para aprender os recursos íntimos dessa produção – essas rupturas de sentido autofundadoras de existência - , a poesia, atualmente, talvez tenha mais a nos ensinar do que as ciências econômicas, as ciências humanas e a psicanálise reunidas! As transformações sociais podem proceder em grande escala, por mutação de subjetividade, como se vê atualmente com as revoluções subjetivas que se passam no leste de um modo moderadamente conservador, ou nos países do Oriente Médio, infelizmente de um modo largamente reacionário, até mesmo neofascista. Mas elas podem também se produzir em uma escala molecular – microfísica no sentido de Foucault – em uma atividade política, em uma cura analítica, na instalação de um dispositivo para mudar a vida da vizinhança, para mudar o modo de funcionamento de uma escola, de uma instituição psiquiátrica....

4 x 2

espírito.................... Santo

.......................força Ditador

................................ Escravo

espírito...........força Artista

E agora José?

Mas atualmente o capitalismo não é mais dirigido para a produção, relegada com freqüência à periferia do Terceiro Mundo, mesmo sob as formas complexas do têxtil, da metalurgia ou do petróleo. É um capitalismo de sobre-produção. Não compra mais matéria-prima e já não vende produtos acabados: compra produtos acabados, ou monta peças destacadas. O que ele quer vender são serviços, e o que quer comprar são ações. Já não é um capitalismo dirigido para a produção, mas para o produto, isto é, para a venda ou para o mercado. Por isso ele é essencialmente dispersivo, e a fábrica cedeu lugar à empresa. A família, a escola, o exército, a fábrica não são mais espaços analógicos distintos que convergem para um proprietário, Estado ou potência privada, mas são agora figuras cifradas, deformáveis e transformáveis, de uma mesma empresa que só tem gerentes. Até a arte abandonou os espaços fechados para entrar nos circuitos abertos do banco. As conquistas de mercado se fazem por tomada de controle e não mais por formação de disciplina, por fixação de cotações mais do que por redução de custos, por transformação do produto mais do que por especialização da produção. A corrupção ganha aí uma nova potência. O serviço de vendas tornou-se o centro ou a "alma" da empresa. Informam-nos que as empresas têm uma alma, o que é efetivamente a notícia mais terrificante do mundo. O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. É verdade que o capitalismo manteve como constante a extrema miséria de três quartos da humanidade, pobres demais para a dívida, numerosos demais para o confinamento: o controle não só terá que enfrentar a dissipação das fronteiras, mas também a explosão dos guetos e favelas.

quinta-feira, maio 13

Juçara Lia

....O tempo..... o tempo não existe!!!

Existe VIDA!

.............................(e a vida é eterna pra quem tem amor).....

segunda-feira, maio 3

Nosso Tempo

Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

II

Esse é tempo de divisas,
tempo de gente cortada.
De mãos viajando sem braços,
obscenos gestos avulsos.

Mudou-se a rua da infância.
E o vestido vermelho
vermelho
cobre a nudez do amor,
ao relento, no vale.

Símbolos obscuros se multiplicam.
Guerra, verdade, flores?
Dos laboratórios platônicos mobilizados
vem um sopro que cresta as faces
e dissipa, na praia, as palavras.

A escuridão estende-se mas não elimina
o sucedâneo da estrela nas mãos.
Certas partes de nós como brilham! São unhas,
anéis, pérolas, cigarros, lanternas,
são partes mais íntimas,
e pulsação, o ofego,
e o ar da noite é o estritamente necessário
para continuar, e continuamos.

III

E continuamos. É tempo de muletas.
Tempo de mortos faladores
e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,
mas ainda é tempo de viver e contar.
Certas histórias não se perderam.
Conheço bem esta casa,
pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,
a sala grande conduz a quartos terríveis,
como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,
conduz à copa de frutas ácidas,
ao claro jardim central, à água
que goteja e segreda
o incesto, a bênção, a partida,
conduz às celas fechadas, que contêm:
papéis?
crimes?
moedas?

Ó conta, velha preta, ó jornalista, poeta, pequeno historiados urbano,
ó surdo-mudo, depositário de meus desfalecimentos, abre-te e conta,
moça presa na memória, velho aleijado, baratas dos arquivos, portas rangentes, solidão e asco,
pessoas e coisas enigmáticas, contai;
capa de poeira dos pianos desmantelados, contai;
velhos selos do imperador, aparelhos de porcelana partidos, contai;
ossos na rua, fragmentos de jornal, colchetes no chão da
costureira, luto no braço, pombas, cães errantes, animais caçados, contai.
Tudo tão difícil depois que vos calastes...
E muitos de vós nunca se abriram.

IV

É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e murmúrio,
palavra indireta, aviso
na esquina. Tempo de cinco sentidos
num só. O espião janta conosco.

É tempo de cortinas pardas,
de céu neutro, política
na maçã, no santo, no gozo,
amor e desamor, cólera
branda, gim com água tônica,
olhos pintados,
dentes de vidro,
grotesca língua torcida.
A isso chamamos: balanço.

No beco,
apenas um muro,
sobre ele a polícia.
No céu da propaganda
aves anunciam
a glória.
No quarto,
irrisão e três colarinhos sujos.

V

Escuta a hora formidável do almoço
na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.
As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.
Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!
Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa,
olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.
Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,
mais tarde será o de amor.

Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.
O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.
Multidões que o cruzam não vêem. É sem cor e sem cheiro.
Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,
vem na areia, no telefone, na batalha de aviões,
toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.

Escuta a hora espandongada da volta.
Homem depois de homem, mulher, criança, homem,
roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa,
homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem,
imaginam esperar qualquer coisa,
e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sentam-se,
últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa,
já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.
Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras, apelo ao cassino, passeio na praia,
o corpo ao lado do corpo, afinal distendido,
com as calças despido o incômodo pensamento de escravo,
escuta o corpo ranger, enlaçar, refluir,
errar em objetos remotos e, sob eles soterrados sem dor,
confiar-se ao que bem me importa
do sono.

Escuta o horrível emprego do dia
em todos os países de fala humana,
a falsificação das palavras pingando nos jornais,
o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores,
os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar,
a constelação das formigas e usurários,
a má poesia, o mau romance,
os frágeis que se entregam à proteção do basilisco,
o homem feio, de mortal feiúra,
passeando de bote
num sinistro crepúsculo de sábado.

VI

Nos porões da família
orquídeas e opções
de compra e desquite.
A gravidez elétrica
já não traz delíquios.
Crianças alérgicas
trocam-se; reformam-se.
Há uma implacável
guerra às baratas.
Contam-se histórias
por correspondência.
A mesa reúne
um copo, uma faca,
e a cama devora
tua solidão.
Salva-se a honra
e a herança do gado.

VII

Ou não se salva, e é o mesmo. Há soluções, há bálsamos
para cada hora e dor. Há fortes bálsamos,
dores de classe, de sangrenta fúria
e plácido rosto. E há mínimos
bálsamos, recalcadas dores ignóbeis,
lesões que nenhum governo autoriza,
não obstante doem,
melancolias insubornáveis,
ira, reprovação, desgosto
desse chapéu velho, da rua lodosa, do Estado.
Há o pranto no teatro,
no palco ? no público ? nas poltronas ?
há sobretudo o pranto no teatro,
já tarde, já confuso,
ele embacia as luzes, se engolfa no linóleo,
vai minar nos armazéns, nos becos coloniais onde passeiam ratos noturnos,
vai molhar, na roça madura, o milho ondulante,
e secar ao sol, em poça amarga.
E dentro do pranto minha face trocista,
meu olho que ri e despreza,
minha repugnância total por vosso lirismo deteriorado,
que polui a essência mesma dos diamantes.

VIII

O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
prometa ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta
um verme.

sexta-feira, abril 30

..na dança da amarelinha...

Num dos seus livros, Morelli fala do napolitano que passou anos sentado à porta de sua casa, olhando um parafuso no chão. De noite, pegava-o e guardava-o debaixo do colchão. O parafuso foi primeiro uma simples piada, uma gozação, uma irritação comunal, reunião de vizinhos, sinal de violação dos direitos cívicos e, finalmente, um encolher de ombros, a paz, o parafuso foi a paz, ninguém podia passar pela rua sem olhar de soslaio para o parafuso e sentir que ele era a paz. O cara morreu de uma síncope e o parafuso desapareceu assim que os vizinhos chegaram. Um deles o guardou, talvez o olhe em segredo e o estude por todos os lados, voltando a guardá-lo e indo para a fábrica, sentindo algo que não compreende, uma obscura reprovação. Só se acalma quando tira o parafuso do seu esconderijo e o olha, fica olhando até ouvir passos e ser obrigado a escondê-lo rapidamente. Morelli pensava que o parafuso devia ser outra coisa, um deus ou algo assim. Solução demasiadamente fácil. Talvez o erro tenha sido aceitar que esse objeto fosse um parafuso, tão somente por ter a forma de um parafuso. Picasso pega um automóvel de brinquedo e o converte no queixo de um cinocéfalo. É bem possível que o napolitano fosse um idiota, mas também pode ter sido o inventor de um mundo. Do parafuso a um olho, de um olho a uma estrela... Por que entregar-se ao Grande Costume? É possível escolher a tura, a invenção, ou seja, o parafuso ou o automóvel de brinquedo

quinta-feira, abril 29

...pois é, pra quê??...

O automóvel corre, a lembrança morre
O suor escorre e molha a calçada
Há verdade na rua, há verdade no povo
A mulher toda nua, mais nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente, pois é, pra quê?

O imposto, a conta, o bazar barato
O relógio aponta o momento exato
da morte incerta, a gravata enforca
o sapato aperta, o país exporta
E na minha porta, ninguém quer ver
Uma sombra morta, pois é, pra quê?

Que rapaz é esse, que estranho canto
Seu rosto é santo, seu canto é tudo
Saiu do nada, da dor fingida
desceu a estrada, subiu na vida
A menina aflita ele não quer ver
A guitarra excita, pois é, pra quê?

A fome, a doença, o esporte, a gincana
A praia compensa o trabalho, a semana
O chope, o cinema, o amor que atenua
O tiro no peito, o sangue na rua
A fome a doença, não sei mais porque
Que noite, que lua, meu bem, prá quê ?

O patrão sustenta o café, o almoço
O jornal comenta, um rapaz tão moço
O calor aumenta, a família cresce
O cientista inventa uma flor que parece
A razão mais segura pra ninguém saber
De outra flor que tortura, pois é prá quê?

No fim do mundo há um tesouro
Quem for primeiro carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa que arranje um carro
Prá andar ligeiro, sem ter porque
Sem ter prá onde, pois é, prá quê?

O ouro e a madeira

Não queria ser o mar
me bastava a fonte
Muito menos ser a rosa
simplesmente o espinho
Não queria ser caminho
porém o atalho
Muito menos ser a chuva
apenas o orvalho

Não queria ser o dia
só a alvorada
Muito menos ser o campo
me bastava o grão
Não queria ser a vida
porém o momento
Muito menos ser concerto
apenas a canção

O ouro afunda no mar
Madeira fica por cima
Ostra nasce do lodo
Gerando pérolas finas

terça-feira, abril 27

... devir política #01...

No post anterior tratei mais sobre o foco na eleição, neste post quero abordar mais sobre o foco no poder em si, não que os dois sejam coisas diferentes (estar preocupado em ganhar eleição é estar preocupado em ter poder), mas abordar de como funciona o poder uma vez eleito...
..... a questão de focar no poder (não que não se deva preocupar-se com o poder, senão é viver no mundo da fantasia, mas se preocupar primeiramente em ter poder) é ainda mais simples de ser entendida como antagonismo de propostas sérias. Os políticos óptam muitas vezes em chamar pessoas de pouca capacidade técnica para um cargo de grande responsabilidade social por diversos motivos.
Um dos motivos é confiança, ou corporativismo, como achar melhor. O político chama certa pessoa porque ela é do mesmo partido que ela, ou porque é amigo ou porque confia, isso sem citar o nepotismo. Normalmente esta “confiança” é um eufemismo pra “rabo preso”. A pessoa chamada para ocupar tal cargo já está envolvida com o político em negociatas e coisas do tipo, então ele sabe que ao chamar certa pessoa ela vai fazer tudo da forma que ele quer e pedir, além de fazer vistas grossas para qualquer coisa ilegal que aconteça, uma vez que ele nunca irá acusar seu chefe, pois sabe que só está naquele cargo por isso, e que se seu chefe rodar ele roda junto ( e normalmente roda mais feio porque é mais fraco, e muitas vezes vira o bode expiatório)Como o caso Roriz/Arruda, em que o mais fraco Arruda rodou, onde o grande loteador do cerrado Roriz saiu ileso.
Outro fator que o foco no poder traz é que você é OBRIGADO a chamar certas pessoas porque elas o auxiliaram na sua campanha eleitoral, então mesmo que você não queira e não ache tal pessoa mais capacitada pro cargo você é obrigada a chamá-la, pois você já negociou os cargos anteriormente. Ou alguém acha aqui que o Orlando Silva é o cara que mais entende de esporte no Brasil? Não, ele era apenas o nome indicado dentro do PCdoB, que ajudou a aliança do PT a ganhar a eleição, por essa ajuda foi negociado um ministério, e como a ajuda do PCdoB não foi lá grandes merdas, deram pra ele o Ministério dos Esportes, que também não é lá grande merda. Ou a Marta Suplicy sabia alguma coisa referente à atividade turística quando foi ministra do Turismo? É claro que não, ela apenas auxiliou o Lula no segundo turno da última eleição e teria que ter algum cargo de destaque, pra sua imagem continuar aparecendo na mídia uma vez que ela era o nome do PT para concorrer ao cargo de prefeitura na cidade de São Paulo, só não foi prefeita porque ela relaxou em sua imagem e a população acabou gozando na cara dela.
Lembrando que o auxílio pra sua campanha não é só pago através de cadeiras e cargos de confiança, mas PRINCIPALMENTE pelos parceiros privados que você como poder público pode escolher para trabalhar com você, e é aí aonde vai a grande fatia da corrupção. Oi!!!

..como os nossos pais..

- Mas isso não pode continuar assim… todo esse ódio. Há de vir uma reação – replicou Hammond.
- Por ela estamos esperando, e muito esperaremos ainda. O ódio é algo que pode crescer como nenhum outro sentimento. É o resultado inevitável da violência imposta aos nossos instintos mais profundos: violentamos os nossos sentimentos mais puros para enquadrá-los em certas máquinas. O espírito lógico pretende governar os homens... e surge o ódio. Todos somos bolchevistas, com a diferença de que somos hipócritas também. Os russos são bolchevistas sem hipocrisia...
- Mas há outras maneiras de ser bolcheista, além da soviética – disse Hammond. – Os bolchevistas não são inteligentes.
- Naturalmente que não. Mas às vezes inteligente é ser imbecil: conduz ao fim visado. Eu, de minha parte, julgo o bolchevismo imbecil; nossa vida social, no Ocidente, é também imbecil; e nossa famosa vida intelectual também é imbecil. Somos todos uns cretinos, idiotas sem paixão. Somos todos bolchevistas... a diferença é que damos a isso outros nomes. Acreditamo-nos deuses, homens semelhantes a deuses. Isso é bolchevismo! Temos de ser humanos; temos de ter um coração e um pênis para escaparmos de ser um bolchevista. Porque Deus e o bolchevista são a mesma coisa, algo belo demais para ser verdade.
No meio de um silêncio desaprovador ergue-se, ansiosa, a voz de Berry:
- Acredita no amor, Tommy?
- Pobre criança! – respondeu ele. – Não meu querubim, mil vezes não! O amor dos nossos dias é ainda uma dessas comédias imbecis. Janotas que enfiam em moças com nádegas de criança que lembram botões de colarinho. É dessa espécie de amor que quer falar ou do amor de coleira, do tipo “meu-marido-minha-mulher”? Não, meu amigo, não creio no amor.
Mas crê ao menos em algo?
-Eu! Intelectualmente creio em se ter um bom coração, e um pênis em bom estado, uma inteligência viva e a coragem de dizer “merda” diante de uma senhora.
- Tudo isso você tem – murmurou Berry.
Tommy Dukes dobrou-se de rir.
- Meu anjinho, ah se assim fosse! Se assim fosse! Não, meu coração vive inerte como uma batata, meu pênis nunca levanta a cabeça... e preferiria cortá-lo a dizer “merda” diante de minha mãe ou minha tia, damas respeitáveis; e tampouco sou inteligente. Sou apenas um interessado no intelecto. Que bom ser inteligente! Sentir que se vive em todas as partes, as nomeáveis e as não nomeáveis. Com o pênis ereto, dizendo bom dia a todos os inteligentes de verdade. Renoir pintava os seus quadros com o pênis... e que lindos quadros! Quisera fazer qualquer coisa com o meu. E só sei falar! Tortura inédita acrescentada ao inferno. E foi Sócrtaes que começou...

sábado, abril 24

Quando eu nasci...

Quando nasci um anjo bobo,
desses que parecem curinga,
contou uma piada pra mim.
Como tivesse tomado pinga,
achei ela muito engraçada
e repeti a galhofa sem fim,
criando assim a palhaçada,
que se espalhou pelo globo.

Me ensinou com franqueza
que toda piada é a mesma,
só muda a balada, a toada,
a roupa lhe faz personagem,
mas esconde sua alma pelada
de verdade gostosa, gozada.
Tal qual qualquer chiste
que nossa cultura assiste.

Trata-se da veste do bobo
que pisa por vezes no fogo,
malabares com certa ferrugem,
toma quedas, silvos de escárnio.
Todo bobo é um funcionário,
com crachá, horário e salário:
advogado e promotor do demônio,
comandante geral dos hormônios.

O jocoso não arrependido
é tudo menos fingido...
eis o refúgio secreto do cômico
rir à toa de toda ferida
e ofegar de risada querida
com veneno de rótulo irônico,
que põe culpados em pânico
e carrancas a pedir penico

Os humores são como marretas
que quebram qualquer gelo,
e despedaçam estatuetas.
São raros silêncios singelos,
é a compreensão do bom gosto
com aquele rubor no rosto
de quem recebe o martelo
e de medo arrepia seu pelo.

Quando nasci um anjo bufão
me ensinou a rimar e então,
como tivera tomado cachaça,
não acabou nunca a graça
e assim no coreto da praça
ficamos a fazer arruaça
com a voz rouca, enternecida,
dando muita risada da vida.

quinta-feira, abril 22

Transfiguração pela poesia

Creio firmemente que o confinamento em si mesmo, imposto a toda uma legião de criaturas pela guerra, é dinamite se acumulando no subsolo das almas para as explosões da paz. No seio mesmo da tragédia sinto o fermento da meditação crescer. Não tenho dúvida de que poderosos artistas surgirão das ruínas ainda não reconstruídas do mundo para cantar e contar a beleza e reconstruí-lo livre. Pois na luta onde todos foram soldados - a minoria nos campos de batalha, a maioria nas solidões do próprio eu, lutando a favor da liberdade e contra ela, a favor da vida e contra ela - os sobreviventes, de corpo e espírito, e os que aguardaram em lágrimas a sua chegada imprevisível, hão de se estreitar num abraço tão apertado que nem a morte os poderá separar. E o pranto que chorarem juntos há de ser água para lavar dos corações o ódio e das inteligências o mal-entendido.

Porque haverá nos olhos, na boca, nas mãos, nos pés de todos uma ânsia tão intensa de repouso e de poesia, que a paixão os conduzirá para os mesmos caminhos, os únicos que fazem a vida digna: os da ternura e do despojamento. Tenho que só a poesia poderá salvar o mundo da paz política que se anuncia - a poesia que é carne, a carne dos pobres humilhados, das mulheres que sofrem, das crianças com frio, a carne das auroras e dos poentes sobre o chão ainda aberto em crateras.

Só a poesia pode salvar o mundo de amanhã. E como que é possível senti-la fervilhando em larvas numa terra prenhe de cadáveres. Em quantos jovens corações, neste momento mesmo, já não terá vibrado o pasmo da sua obscura presença? Em quantos rostos não se terá ela plantado, amarga, incerta esperança de sobrevivência? Em quantas duras almas já não terá filtrado a sua claridade indecisa? Que langor, que anseio de voltar, que desejo de fruir, de fecundar, de pertencer, já não terá ela arrancado de tantos corpos parados no antemomento do ataque, na hora da derrota, no instante preciso da morte? E a quantos seres martirizados de espera, de resignação, de revolta já não terão chegado as ondas do seu misterioso apelo?

Sofre ainda o mundo de tirania e de opressão, da riqueza de alguns para a miséria de muitos, da arrogância de certos para a humilhação de quase todos. Sofre o mundo da transformação dos pés em borracha, das pernas em couro, do corpo em pano e da cabeça em aço. Sofre o mundo da transformação das mãos em instrumentos de castigo e em símbolos de força. Sofre o mundo da transformação da pá em fuzil, do arado em tanque de guerra, da imagem do semeador que semeia na do autômato com seu lança-chamas, de cuja sementeira brotam solidões.

A esse mundo, só a poesia poderá salvar, e a humildade diante da sua voz. Parece tão vago, tão gratuito, e no entanto eu o sinto de maneira tão fatal! Não se trata de desencantá-la, porque creio na sua aparição espontânea, inevitável. Surgirá de vozes jovens fazendo ciranda em torno de um mundo caduco; de vozes de homens simples, operários, artistas, lavradores, marítimos, brancos e negros, cantando o seu labor de edificar, criar, plantar, navegar um novo mundo; de vozes de mães, esposas, amantes e filhas, procriando, lidando, fazendo amor, drama, perdão. E contra essas vozes não prevalecerão as vozes ásperas de mando dos senhores nem as vozes soberbas das elites. Porque a poesia ácida lhes terá corroído as roupas. E o povo então poderá cantar seus próprios cantos, porque os poetas serão em maior número e a poesia há de velar.

Diluindo Sabores

Outrora me apaixonei por uma pequena......
E me descobri assim como que amando o mundo......
Mas o mundo ama e desama...............oras, é mundano....
E nesse desamor a paixão retomou sua origem.....
Patinou, patinou, patinou e......
Pathos !!!!!
.
.
.
.............................................
!!!! ???? !?!?!
(tsc,tsc)
..
......
Mas é claro.....
As pequenas são feitas para amar, não o mundo......
Cretinos! (sempre, sempre com sujeitos)
E ao amando pequenas, voltamos a quem merece paixão....
.......
........
...........
O mundo.
Estou realmente apaixonado.
Quem disse que doença não traz felicidade?

terça-feira, abril 20

O Urubuzeiro

Meu amigo Sabastião estourou a infância dele e mais duas pernas
No mergulho contra uma pedra na Cacimba da Saúde
Quarenta anos mais tarde Sabastião remava uma canoa no rio Paraguaio
E deu um barranco de uma charqueada
Sabastião subiu o barranco se arrastando como um caranguejo trôpego
Até a casa do patrão e pediu um trabalho
O patrão olhou para aquele pedaço de pessoa e disse:
Você me serve pra urubuzeiro
(Urubuzeiro era tarefa de espantar os urubus que atentavam nos tendais de carne)
Trabalho de Sabastião era espantar os urubus
Sabastião espantava espantava espantava
Os urubus voltavam de bandos
Sabastião espantava espantava
Um dia pegaram Sabastião a prosear em estrangeiro com os urubus
Chegou que Sabastião permitiu que os urubus fizessem farra nas carnes
Os urubus faziam farra e conversavm em estrangeiro com Sabastião
Veio o patrão e mandou Sabastião para o manicômio
No manicômio ninguém compreendia a língua de Sabastião
De forma que Sabastião despencou do seu normal
E foi encontrado na rua falando sozinho em estrangeiro

segunda-feira, abril 19

... devir política #00...

...vamos falar de política, mas não o significado de política no sentido amplo e correto, aquela que condiciona suas relações, a formação de sua subjetividade, seus desejos, ações e até a idéia que você tem de si mesmo. Não que este assunto não seja interessante, muito pelo contrário, ele é, e bastante. Mas por dois fatores simples: primeiro porque quero falar de outra coisa (só este fator já bastaria, mas enfim), e segundo porque sei que se falasse sobre isso, assim, de supetão, iria no máximo me dirigir à meia dúzia de pessoas.
Mas como quero falar sobre outra coisa e me dirigir a uma dúzia de pessoas, vamos falar sobre o significado comum que se tem política: eleição, partidos, cargos públicos e eticétera e tal. Como este ano tem eleição presidencial aí no Brasil, acho interessante abordar e aprofundar sobre um assunto que você com certeza não verá NENHUM partido abordar durante estas eleições, até porque, dentro da estrutura que eles são criados, o quanto mais eles mascararem isto melhor. E o assunto é bem simples, é que como todos os partidos estão focados única e exclusivamente no poder e em eleições em detrimento da ética e de propostas de governo, explico.
Quando se foca em eleição, você não está preocupado com que os eleitores entendam de política, ou seja, se conscientizem de como funciona o sistema de organização do poder e a partir disso façam sua escolha. Ao contrário, se sua preocupação principal é ser eleito você quer votos, simplesmente. E para ganhar bastante votos você precisa que vários eleitores acreditem em você, ou seja, você vende uma MENTIRA pro eleitor (propaganda política é o tipo de propaganda mais nefasta que existe, sabendo obviamente já do pleonasmo que é dizer “propaganda nefasta”). Aliás, eles querem que você entenda o mínimo de política para acreditar em qualquer baboseira que eles dizem.
Pegue o orçamento de qualquer campanha política, e veja lá quanto deste orçamento é gasto de forma coerente (informando o eleitor de como funciona a organização do poder ou pagando técnicos e pessoas especializadas para fazerem propostas de governo) e o quanto é gasto em marketing (eu, Satanás A, sou melhor que o Belzebu B e o Capeta C – eu, Satanás A amo você e creio em Deus - eu, Belzebu B sou experiente e sério – eu Capeta C, sou do povo). Centenas e centenas de milhões de reais são gastos em coisas completamente inúteis pra sociedade só para que o mundo real seja ocultado da maioria da população.
Discorda? Então me responda, você já viu algum partido gastar seu tempo na TV ou na rádio com um programas do tipo: “Assim funciona o TCU”, ou “Como funcionam as agências reguladoras” ou “Por dentro da Polícia Federal – cargos e obrigações”? Mas sejamos ainda mais práticos, em alguma campanha política você se sentiu tratado de forma honesta e não como um mero débil mental que engoliria qualquer merda que falam pra você. Bem, eu não. As experiências que eu tenho é andar na rua e na banca de jornal ver a capa da revista Veja com um close do semblante do Serra com uma cara que me recorda o título do livro do Oliviero Toscani “A propaganda é um cadáver que nos sorri” ou ligar o rádio e escutar um jingle maldito com uma música feita apenas para não sair da sua cabeça com uma letra infame "o PT é nosso, o PT é do povo".
Então o foco na eleição (vencer por vencer) vai exatamente em oposição a ética, pois todo o marketing é desenvolvido de uma forma hipócrita, em que as pessoas que o produzem claramente não acreditam no que elas estão falando, ou alguém acha aqui que o José Dirceu por exemplo realmente acredita que o PT é do povo? Aliás, uma boa pergunta seria pedir pra alguém definir o que é povo. Com uma população com consciência política qualquer eleição se focaria nos programas de cada proposta de governo, e não no carisma do candidato, de onde ele veio, se ele tem cara de bonzinho e qualquer bobagem semelhante que ainda infelizmente influencia os seres humanos a confiar e votar no outro (e não são só os de baixa renda não viu seu basbaque). Não é de se espantar que o governo Lula, apesar de ter sido o melhor governo de longe na história do Brasil, foi cretino na questão da educação como todos os outros, ou seja, mesmo o melhor governo da história do Brasil está anos luz aquém de qualquer coisa considerada como satisfatória. Somos governados ainda pelos maus caráter, que não entendem que a coisa mais importante como governante é em primeiro lugar você ser honesto e em segundo lugar lutar para dar educação e liberdade para o ser humano pensar e agir como ele quiser. Governantes como os que nós temos são pessoas que não confiam no outro, na capacidade do outro, resumindo, não amam o outro e preferem doutrinar pois tem receio e medo do que eles não pode controlar...

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... o nômade, nascido e criado no deserto, assume com toda a alma a nudez, inóspita demais para os voluntários. A verdade, sentida mas não definida, é que ali ele se descobre indubitavelmente livre. Perde os vínculos materiais, confortos, todas coisas supérfluas e outras complicações, alcançando uma liberdade pessoal que desafia a fome a a morte. Não vê qualquer virtude na pobreza em si mesma: aprecia os pequenos vícios e luxos, como café, água fresca e mulheres, que ainda não pode preservar. Em sua vida tem o ar e vento, sol e luz, espaços abertos e um imenso vazio...