sexta-feira, abril 30

..na dança da amarelinha...

Num dos seus livros, Morelli fala do napolitano que passou anos sentado à porta de sua casa, olhando um parafuso no chão. De noite, pegava-o e guardava-o debaixo do colchão. O parafuso foi primeiro uma simples piada, uma gozação, uma irritação comunal, reunião de vizinhos, sinal de violação dos direitos cívicos e, finalmente, um encolher de ombros, a paz, o parafuso foi a paz, ninguém podia passar pela rua sem olhar de soslaio para o parafuso e sentir que ele era a paz. O cara morreu de uma síncope e o parafuso desapareceu assim que os vizinhos chegaram. Um deles o guardou, talvez o olhe em segredo e o estude por todos os lados, voltando a guardá-lo e indo para a fábrica, sentindo algo que não compreende, uma obscura reprovação. Só se acalma quando tira o parafuso do seu esconderijo e o olha, fica olhando até ouvir passos e ser obrigado a escondê-lo rapidamente. Morelli pensava que o parafuso devia ser outra coisa, um deus ou algo assim. Solução demasiadamente fácil. Talvez o erro tenha sido aceitar que esse objeto fosse um parafuso, tão somente por ter a forma de um parafuso. Picasso pega um automóvel de brinquedo e o converte no queixo de um cinocéfalo. É bem possível que o napolitano fosse um idiota, mas também pode ter sido o inventor de um mundo. Do parafuso a um olho, de um olho a uma estrela... Por que entregar-se ao Grande Costume? É possível escolher a tura, a invenção, ou seja, o parafuso ou o automóvel de brinquedo

quinta-feira, abril 29

...pois é, pra quê??...

O automóvel corre, a lembrança morre
O suor escorre e molha a calçada
Há verdade na rua, há verdade no povo
A mulher toda nua, mais nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente, pois é, pra quê?

O imposto, a conta, o bazar barato
O relógio aponta o momento exato
da morte incerta, a gravata enforca
o sapato aperta, o país exporta
E na minha porta, ninguém quer ver
Uma sombra morta, pois é, pra quê?

Que rapaz é esse, que estranho canto
Seu rosto é santo, seu canto é tudo
Saiu do nada, da dor fingida
desceu a estrada, subiu na vida
A menina aflita ele não quer ver
A guitarra excita, pois é, pra quê?

A fome, a doença, o esporte, a gincana
A praia compensa o trabalho, a semana
O chope, o cinema, o amor que atenua
O tiro no peito, o sangue na rua
A fome a doença, não sei mais porque
Que noite, que lua, meu bem, prá quê ?

O patrão sustenta o café, o almoço
O jornal comenta, um rapaz tão moço
O calor aumenta, a família cresce
O cientista inventa uma flor que parece
A razão mais segura pra ninguém saber
De outra flor que tortura, pois é prá quê?

No fim do mundo há um tesouro
Quem for primeiro carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa que arranje um carro
Prá andar ligeiro, sem ter porque
Sem ter prá onde, pois é, prá quê?

O ouro e a madeira

Não queria ser o mar
me bastava a fonte
Muito menos ser a rosa
simplesmente o espinho
Não queria ser caminho
porém o atalho
Muito menos ser a chuva
apenas o orvalho

Não queria ser o dia
só a alvorada
Muito menos ser o campo
me bastava o grão
Não queria ser a vida
porém o momento
Muito menos ser concerto
apenas a canção

O ouro afunda no mar
Madeira fica por cima
Ostra nasce do lodo
Gerando pérolas finas

terça-feira, abril 27

... devir política #01...

No post anterior tratei mais sobre o foco na eleição, neste post quero abordar mais sobre o foco no poder em si, não que os dois sejam coisas diferentes (estar preocupado em ganhar eleição é estar preocupado em ter poder), mas abordar de como funciona o poder uma vez eleito...
..... a questão de focar no poder (não que não se deva preocupar-se com o poder, senão é viver no mundo da fantasia, mas se preocupar primeiramente em ter poder) é ainda mais simples de ser entendida como antagonismo de propostas sérias. Os políticos óptam muitas vezes em chamar pessoas de pouca capacidade técnica para um cargo de grande responsabilidade social por diversos motivos.
Um dos motivos é confiança, ou corporativismo, como achar melhor. O político chama certa pessoa porque ela é do mesmo partido que ela, ou porque é amigo ou porque confia, isso sem citar o nepotismo. Normalmente esta “confiança” é um eufemismo pra “rabo preso”. A pessoa chamada para ocupar tal cargo já está envolvida com o político em negociatas e coisas do tipo, então ele sabe que ao chamar certa pessoa ela vai fazer tudo da forma que ele quer e pedir, além de fazer vistas grossas para qualquer coisa ilegal que aconteça, uma vez que ele nunca irá acusar seu chefe, pois sabe que só está naquele cargo por isso, e que se seu chefe rodar ele roda junto ( e normalmente roda mais feio porque é mais fraco, e muitas vezes vira o bode expiatório)Como o caso Roriz/Arruda, em que o mais fraco Arruda rodou, onde o grande loteador do cerrado Roriz saiu ileso.
Outro fator que o foco no poder traz é que você é OBRIGADO a chamar certas pessoas porque elas o auxiliaram na sua campanha eleitoral, então mesmo que você não queira e não ache tal pessoa mais capacitada pro cargo você é obrigada a chamá-la, pois você já negociou os cargos anteriormente. Ou alguém acha aqui que o Orlando Silva é o cara que mais entende de esporte no Brasil? Não, ele era apenas o nome indicado dentro do PCdoB, que ajudou a aliança do PT a ganhar a eleição, por essa ajuda foi negociado um ministério, e como a ajuda do PCdoB não foi lá grandes merdas, deram pra ele o Ministério dos Esportes, que também não é lá grande merda. Ou a Marta Suplicy sabia alguma coisa referente à atividade turística quando foi ministra do Turismo? É claro que não, ela apenas auxiliou o Lula no segundo turno da última eleição e teria que ter algum cargo de destaque, pra sua imagem continuar aparecendo na mídia uma vez que ela era o nome do PT para concorrer ao cargo de prefeitura na cidade de São Paulo, só não foi prefeita porque ela relaxou em sua imagem e a população acabou gozando na cara dela.
Lembrando que o auxílio pra sua campanha não é só pago através de cadeiras e cargos de confiança, mas PRINCIPALMENTE pelos parceiros privados que você como poder público pode escolher para trabalhar com você, e é aí aonde vai a grande fatia da corrupção. Oi!!!

..como os nossos pais..

- Mas isso não pode continuar assim… todo esse ódio. Há de vir uma reação – replicou Hammond.
- Por ela estamos esperando, e muito esperaremos ainda. O ódio é algo que pode crescer como nenhum outro sentimento. É o resultado inevitável da violência imposta aos nossos instintos mais profundos: violentamos os nossos sentimentos mais puros para enquadrá-los em certas máquinas. O espírito lógico pretende governar os homens... e surge o ódio. Todos somos bolchevistas, com a diferença de que somos hipócritas também. Os russos são bolchevistas sem hipocrisia...
- Mas há outras maneiras de ser bolcheista, além da soviética – disse Hammond. – Os bolchevistas não são inteligentes.
- Naturalmente que não. Mas às vezes inteligente é ser imbecil: conduz ao fim visado. Eu, de minha parte, julgo o bolchevismo imbecil; nossa vida social, no Ocidente, é também imbecil; e nossa famosa vida intelectual também é imbecil. Somos todos uns cretinos, idiotas sem paixão. Somos todos bolchevistas... a diferença é que damos a isso outros nomes. Acreditamo-nos deuses, homens semelhantes a deuses. Isso é bolchevismo! Temos de ser humanos; temos de ter um coração e um pênis para escaparmos de ser um bolchevista. Porque Deus e o bolchevista são a mesma coisa, algo belo demais para ser verdade.
No meio de um silêncio desaprovador ergue-se, ansiosa, a voz de Berry:
- Acredita no amor, Tommy?
- Pobre criança! – respondeu ele. – Não meu querubim, mil vezes não! O amor dos nossos dias é ainda uma dessas comédias imbecis. Janotas que enfiam em moças com nádegas de criança que lembram botões de colarinho. É dessa espécie de amor que quer falar ou do amor de coleira, do tipo “meu-marido-minha-mulher”? Não, meu amigo, não creio no amor.
Mas crê ao menos em algo?
-Eu! Intelectualmente creio em se ter um bom coração, e um pênis em bom estado, uma inteligência viva e a coragem de dizer “merda” diante de uma senhora.
- Tudo isso você tem – murmurou Berry.
Tommy Dukes dobrou-se de rir.
- Meu anjinho, ah se assim fosse! Se assim fosse! Não, meu coração vive inerte como uma batata, meu pênis nunca levanta a cabeça... e preferiria cortá-lo a dizer “merda” diante de minha mãe ou minha tia, damas respeitáveis; e tampouco sou inteligente. Sou apenas um interessado no intelecto. Que bom ser inteligente! Sentir que se vive em todas as partes, as nomeáveis e as não nomeáveis. Com o pênis ereto, dizendo bom dia a todos os inteligentes de verdade. Renoir pintava os seus quadros com o pênis... e que lindos quadros! Quisera fazer qualquer coisa com o meu. E só sei falar! Tortura inédita acrescentada ao inferno. E foi Sócrtaes que começou...

sábado, abril 24

Quando eu nasci...

Quando nasci um anjo bobo,
desses que parecem curinga,
contou uma piada pra mim.
Como tivesse tomado pinga,
achei ela muito engraçada
e repeti a galhofa sem fim,
criando assim a palhaçada,
que se espalhou pelo globo.

Me ensinou com franqueza
que toda piada é a mesma,
só muda a balada, a toada,
a roupa lhe faz personagem,
mas esconde sua alma pelada
de verdade gostosa, gozada.
Tal qual qualquer chiste
que nossa cultura assiste.

Trata-se da veste do bobo
que pisa por vezes no fogo,
malabares com certa ferrugem,
toma quedas, silvos de escárnio.
Todo bobo é um funcionário,
com crachá, horário e salário:
advogado e promotor do demônio,
comandante geral dos hormônios.

O jocoso não arrependido
é tudo menos fingido...
eis o refúgio secreto do cômico
rir à toa de toda ferida
e ofegar de risada querida
com veneno de rótulo irônico,
que põe culpados em pânico
e carrancas a pedir penico

Os humores são como marretas
que quebram qualquer gelo,
e despedaçam estatuetas.
São raros silêncios singelos,
é a compreensão do bom gosto
com aquele rubor no rosto
de quem recebe o martelo
e de medo arrepia seu pelo.

Quando nasci um anjo bufão
me ensinou a rimar e então,
como tivera tomado cachaça,
não acabou nunca a graça
e assim no coreto da praça
ficamos a fazer arruaça
com a voz rouca, enternecida,
dando muita risada da vida.

quinta-feira, abril 22

Transfiguração pela poesia

Creio firmemente que o confinamento em si mesmo, imposto a toda uma legião de criaturas pela guerra, é dinamite se acumulando no subsolo das almas para as explosões da paz. No seio mesmo da tragédia sinto o fermento da meditação crescer. Não tenho dúvida de que poderosos artistas surgirão das ruínas ainda não reconstruídas do mundo para cantar e contar a beleza e reconstruí-lo livre. Pois na luta onde todos foram soldados - a minoria nos campos de batalha, a maioria nas solidões do próprio eu, lutando a favor da liberdade e contra ela, a favor da vida e contra ela - os sobreviventes, de corpo e espírito, e os que aguardaram em lágrimas a sua chegada imprevisível, hão de se estreitar num abraço tão apertado que nem a morte os poderá separar. E o pranto que chorarem juntos há de ser água para lavar dos corações o ódio e das inteligências o mal-entendido.

Porque haverá nos olhos, na boca, nas mãos, nos pés de todos uma ânsia tão intensa de repouso e de poesia, que a paixão os conduzirá para os mesmos caminhos, os únicos que fazem a vida digna: os da ternura e do despojamento. Tenho que só a poesia poderá salvar o mundo da paz política que se anuncia - a poesia que é carne, a carne dos pobres humilhados, das mulheres que sofrem, das crianças com frio, a carne das auroras e dos poentes sobre o chão ainda aberto em crateras.

Só a poesia pode salvar o mundo de amanhã. E como que é possível senti-la fervilhando em larvas numa terra prenhe de cadáveres. Em quantos jovens corações, neste momento mesmo, já não terá vibrado o pasmo da sua obscura presença? Em quantos rostos não se terá ela plantado, amarga, incerta esperança de sobrevivência? Em quantas duras almas já não terá filtrado a sua claridade indecisa? Que langor, que anseio de voltar, que desejo de fruir, de fecundar, de pertencer, já não terá ela arrancado de tantos corpos parados no antemomento do ataque, na hora da derrota, no instante preciso da morte? E a quantos seres martirizados de espera, de resignação, de revolta já não terão chegado as ondas do seu misterioso apelo?

Sofre ainda o mundo de tirania e de opressão, da riqueza de alguns para a miséria de muitos, da arrogância de certos para a humilhação de quase todos. Sofre o mundo da transformação dos pés em borracha, das pernas em couro, do corpo em pano e da cabeça em aço. Sofre o mundo da transformação das mãos em instrumentos de castigo e em símbolos de força. Sofre o mundo da transformação da pá em fuzil, do arado em tanque de guerra, da imagem do semeador que semeia na do autômato com seu lança-chamas, de cuja sementeira brotam solidões.

A esse mundo, só a poesia poderá salvar, e a humildade diante da sua voz. Parece tão vago, tão gratuito, e no entanto eu o sinto de maneira tão fatal! Não se trata de desencantá-la, porque creio na sua aparição espontânea, inevitável. Surgirá de vozes jovens fazendo ciranda em torno de um mundo caduco; de vozes de homens simples, operários, artistas, lavradores, marítimos, brancos e negros, cantando o seu labor de edificar, criar, plantar, navegar um novo mundo; de vozes de mães, esposas, amantes e filhas, procriando, lidando, fazendo amor, drama, perdão. E contra essas vozes não prevalecerão as vozes ásperas de mando dos senhores nem as vozes soberbas das elites. Porque a poesia ácida lhes terá corroído as roupas. E o povo então poderá cantar seus próprios cantos, porque os poetas serão em maior número e a poesia há de velar.

Diluindo Sabores

Outrora me apaixonei por uma pequena......
E me descobri assim como que amando o mundo......
Mas o mundo ama e desama...............oras, é mundano....
E nesse desamor a paixão retomou sua origem.....
Patinou, patinou, patinou e......
Pathos !!!!!
.
.
.
.............................................
!!!! ???? !?!?!
(tsc,tsc)
..
......
Mas é claro.....
As pequenas são feitas para amar, não o mundo......
Cretinos! (sempre, sempre com sujeitos)
E ao amando pequenas, voltamos a quem merece paixão....
.......
........
...........
O mundo.
Estou realmente apaixonado.
Quem disse que doença não traz felicidade?

terça-feira, abril 20

O Urubuzeiro

Meu amigo Sabastião estourou a infância dele e mais duas pernas
No mergulho contra uma pedra na Cacimba da Saúde
Quarenta anos mais tarde Sabastião remava uma canoa no rio Paraguaio
E deu um barranco de uma charqueada
Sabastião subiu o barranco se arrastando como um caranguejo trôpego
Até a casa do patrão e pediu um trabalho
O patrão olhou para aquele pedaço de pessoa e disse:
Você me serve pra urubuzeiro
(Urubuzeiro era tarefa de espantar os urubus que atentavam nos tendais de carne)
Trabalho de Sabastião era espantar os urubus
Sabastião espantava espantava espantava
Os urubus voltavam de bandos
Sabastião espantava espantava
Um dia pegaram Sabastião a prosear em estrangeiro com os urubus
Chegou que Sabastião permitiu que os urubus fizessem farra nas carnes
Os urubus faziam farra e conversavm em estrangeiro com Sabastião
Veio o patrão e mandou Sabastião para o manicômio
No manicômio ninguém compreendia a língua de Sabastião
De forma que Sabastião despencou do seu normal
E foi encontrado na rua falando sozinho em estrangeiro

segunda-feira, abril 19

... devir política #00...

...vamos falar de política, mas não o significado de política no sentido amplo e correto, aquela que condiciona suas relações, a formação de sua subjetividade, seus desejos, ações e até a idéia que você tem de si mesmo. Não que este assunto não seja interessante, muito pelo contrário, ele é, e bastante. Mas por dois fatores simples: primeiro porque quero falar de outra coisa (só este fator já bastaria, mas enfim), e segundo porque sei que se falasse sobre isso, assim, de supetão, iria no máximo me dirigir à meia dúzia de pessoas.
Mas como quero falar sobre outra coisa e me dirigir a uma dúzia de pessoas, vamos falar sobre o significado comum que se tem política: eleição, partidos, cargos públicos e eticétera e tal. Como este ano tem eleição presidencial aí no Brasil, acho interessante abordar e aprofundar sobre um assunto que você com certeza não verá NENHUM partido abordar durante estas eleições, até porque, dentro da estrutura que eles são criados, o quanto mais eles mascararem isto melhor. E o assunto é bem simples, é que como todos os partidos estão focados única e exclusivamente no poder e em eleições em detrimento da ética e de propostas de governo, explico.
Quando se foca em eleição, você não está preocupado com que os eleitores entendam de política, ou seja, se conscientizem de como funciona o sistema de organização do poder e a partir disso façam sua escolha. Ao contrário, se sua preocupação principal é ser eleito você quer votos, simplesmente. E para ganhar bastante votos você precisa que vários eleitores acreditem em você, ou seja, você vende uma MENTIRA pro eleitor (propaganda política é o tipo de propaganda mais nefasta que existe, sabendo obviamente já do pleonasmo que é dizer “propaganda nefasta”). Aliás, eles querem que você entenda o mínimo de política para acreditar em qualquer baboseira que eles dizem.
Pegue o orçamento de qualquer campanha política, e veja lá quanto deste orçamento é gasto de forma coerente (informando o eleitor de como funciona a organização do poder ou pagando técnicos e pessoas especializadas para fazerem propostas de governo) e o quanto é gasto em marketing (eu, Satanás A, sou melhor que o Belzebu B e o Capeta C – eu, Satanás A amo você e creio em Deus - eu, Belzebu B sou experiente e sério – eu Capeta C, sou do povo). Centenas e centenas de milhões de reais são gastos em coisas completamente inúteis pra sociedade só para que o mundo real seja ocultado da maioria da população.
Discorda? Então me responda, você já viu algum partido gastar seu tempo na TV ou na rádio com um programas do tipo: “Assim funciona o TCU”, ou “Como funcionam as agências reguladoras” ou “Por dentro da Polícia Federal – cargos e obrigações”? Mas sejamos ainda mais práticos, em alguma campanha política você se sentiu tratado de forma honesta e não como um mero débil mental que engoliria qualquer merda que falam pra você. Bem, eu não. As experiências que eu tenho é andar na rua e na banca de jornal ver a capa da revista Veja com um close do semblante do Serra com uma cara que me recorda o título do livro do Oliviero Toscani “A propaganda é um cadáver que nos sorri” ou ligar o rádio e escutar um jingle maldito com uma música feita apenas para não sair da sua cabeça com uma letra infame "o PT é nosso, o PT é do povo".
Então o foco na eleição (vencer por vencer) vai exatamente em oposição a ética, pois todo o marketing é desenvolvido de uma forma hipócrita, em que as pessoas que o produzem claramente não acreditam no que elas estão falando, ou alguém acha aqui que o José Dirceu por exemplo realmente acredita que o PT é do povo? Aliás, uma boa pergunta seria pedir pra alguém definir o que é povo. Com uma população com consciência política qualquer eleição se focaria nos programas de cada proposta de governo, e não no carisma do candidato, de onde ele veio, se ele tem cara de bonzinho e qualquer bobagem semelhante que ainda infelizmente influencia os seres humanos a confiar e votar no outro (e não são só os de baixa renda não viu seu basbaque). Não é de se espantar que o governo Lula, apesar de ter sido o melhor governo de longe na história do Brasil, foi cretino na questão da educação como todos os outros, ou seja, mesmo o melhor governo da história do Brasil está anos luz aquém de qualquer coisa considerada como satisfatória. Somos governados ainda pelos maus caráter, que não entendem que a coisa mais importante como governante é em primeiro lugar você ser honesto e em segundo lugar lutar para dar educação e liberdade para o ser humano pensar e agir como ele quiser. Governantes como os que nós temos são pessoas que não confiam no outro, na capacidade do outro, resumindo, não amam o outro e preferem doutrinar pois tem receio e medo do que eles não pode controlar...

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... o nômade, nascido e criado no deserto, assume com toda a alma a nudez, inóspita demais para os voluntários. A verdade, sentida mas não definida, é que ali ele se descobre indubitavelmente livre. Perde os vínculos materiais, confortos, todas coisas supérfluas e outras complicações, alcançando uma liberdade pessoal que desafia a fome a a morte. Não vê qualquer virtude na pobreza em si mesma: aprecia os pequenos vícios e luxos, como café, água fresca e mulheres, que ainda não pode preservar. Em sua vida tem o ar e vento, sol e luz, espaços abertos e um imenso vazio...