quinta-feira, maio 27

..Don't Believe the Hype..

Aproximadamente um trilhão de dólares (984 bilhões de dólares pra ser mais exato) é gasto por ano com equipamentos militares no mundo. E isto somando APENAS os 10 países que mais têm gastos militares no mundo, a saber: (EUA – 607bi; China – 61bi; Reino Unido – 60bi; Japão – 47bi; França - 41bi; Alemanha – 40bi; Arábia Saudita – 38bi; Rússia – 36bi; Coréia do Sul – 29bi; Índia – 25bi). Ou seja, um trilhão de dólares do esforço da humanidade por ano é gasto para produzir coisas para matar a própria humanidade! Aeeeeeeeeeeeeee
E o engraçado é que a maioria das pessoas sabe disso (podem não saber o valor exato), mas acham isso normal, que o mundo é assim, e ó, que peninha de nós mesmos..... Porra, péra lá, como uma pessoa que defende a ética, que acha absurdo o desvio de verbas na casa dos milhões de dólares (e tem que achar um absurdo mesmo, mesmo na escala dos centavos!), pode achar NORMAL o mundo gastar 1 TRILHÃO DE DÓLARES em armamentos militares por ano? É de uma incongruência ímpar! Imagina o que se pode fazer com 1 trilhão de dólares bem gerenciado? Você acaba com a fome no mundo com um peido!
Se o jornalismo fosse sério, e não comandado pelos mesmos genocidas que ganham dinheiro fazendo guerras, a única notícia relevante seria esta. Imagina, você abrindo o jornal e a manchete: “Genocidas gastam 1 trilhão de dólares por ano do esforço humano pra coibir, matar e tirar a liberdade de outros seres humanos”, no dia seguinte: “Esse putos de genocidas ainda continuam gastando 1 trilhão de dólares com armas pra justificar sua incapacidade de amar o outro”. Enquanto o jornalismo não chegar a um ponto parecido a isto, ele será o que sempre foi com raríssimas exceções: uma merda! Não que eu seja contra alguém saber se quando a Britney Spears saiu do carro apareceu a xereca dela (eu adoro uma xereca!), ou de ler mil notícias falando sobre a mesma coisa num jogo de futebol. Cada um que consuma o que quiser, contanto que não faça mal a outra pessoa. Mas cá entre nós, como relevância, a xereca da Britney Spears está pros gastos militares assim como minha punheta está para o futuro da humanidade.
Mesmo os jornalistas que se dizem sério, nunca vão ao cerne da questão, e em sua grande maioria ainda estão presos na visão dialética e ideológica do mundo. Muito deles ainda fazem parte de uma esquerda estéril que já deveria ter sido extinta há tempos. Muitos apóiam a decisão do Lula na questão do Irã, por exemplo, obviamente que a posição que ele adota é muito menos cretina do que o palhaço do FHC, que era um fantoche, mas a questão é muito mais profunda do que isso. Eu só vou me sentir realmente representado quando o representante do meu país apoiar o fim de qualquer gasto militar no mundo, não quero que as forças militares do mundo se equilibrem, eu quero que elas não existam, que não sejamos mais “governados” (o correto é escravizados) pelos genocidas. Quero propostas e sinceridade, não negociadores e hipócritas, e isso o Lula é igual ao FHC ou a qualquer outro governante. Quero alguém que dialogue comigo horizontalmente, e não alguém que ache que tem que tomar conta de mim. Não preciso de cuidados, obrigado!
Outra questão relevante é como estes gastos militares se tornaram uma das principais (senão a principal) fonte de corrupção no mundo. Se pegarmos a segunda guerra mundial por exemplo, vemos que toda a população da União Soviética, teve que trabalhar, em condições de extrema escassez de recursos na produção militar. Mas isto não era fonte de corrupção, porque se eles não trabalhassem com afinco nisso, seriam conquistado pelos alemães. Hoje em dia a história é bem diferente, tenham certeza que grande parte dos 600 bilhões de dólares divulgados pelos EUA com gastos militares vão pro bolso dos genocidas e não pra gastos efetivos na área militar. Até porque eles não estão interessados em destruir o mundo (até os genocidas compreendem que vivem no mesmo mundo que nós), mas sim em continuar a ter justificativa para roubar milhões de cidadãos.
O filme “Soldado Anônimo” dirigido pelo Sam Mendes (o mesmo de “Beleza Americana”) mostra brilhantemente este lado da corrupção das forças armadas. Mostra como na guerra do Iraque a infantaria americana está cheia de boçais (formada principalmente por pobres querendo o Green Card) e de equipamentos que não funcionam. Mas os equipamentos não funcionam por quê? Porque os fabricantes são incompetentes? Óbvio que não! Os equipamentos foram feitos para não funcionar, porque é aí que você pode roubar. Você justifica no orçamento que cada soldado custa 100 mil dólares por mês por exemplo, quando na verdade ele custa 5, e os outros 95 mil você embolsa do otário e medroso contribuinte que acha que você está lá pra defender a democracia no mundo. O genocida sabe que a guerra moderna não é mais travada no campo de batalha e sim em salas de negociação, e que essa visão da guerra clássica em campo de batalhas é só show para a massa achar que você está fazendo alguma coisa, quando na verdade essa guerra é tão real quanto a um filme ou uma novela de TV (minto, um pouco mais real, porque nessa guerra você tem que matar algumas pessoas de verdade pra fazer notícia). E é assim que funciona o poder nos dias de hoje, que se opera muito mais pelo controle da subjetividade do que pelo controle dos corpos.

terça-feira, maio 25

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...a esquizofrenia é indissociável do sitema capitalista, ele próprio concebido como uma primeira fuga: uma doença exclusiva. Nas outras sociedades, a fuga e a marginalidade assumem outros aspectos. O indivíduo a-social das chamadas sociedades primitivas não é internado. A prisão e o asilo são noções recentes. Ele é expulso, exila-se para o limite da aldeia e aí morre, a menos que vá se integrar numa aldeia vizinha. Cada sistema tem, aliás, a sua doença particular: o histérico das chamadas sociedades primitivas, as manias depressivas-paranóicas no Grande Império... A economia capitalista procede por descodificação e desterritorialização: tem os seus doentes extremos, isto é, os esquizofrênicos, que, no limite, se descodificam e desterritorializam, mas tem também as suas consequências extremas, os revolucionários.....

sexta-feira, maio 21

...poesiando...

...abordamos uma época em que, esfumando-se os antagonismos da guerra fria, aparecem mais distintamente as ameaças principais que nossas sociedades produtivistas fazem pairar sobre a espécie humana, cuja sobrevivência nesse planeta está ameaçada, não apenas pelas degradações ambientais, mas também pela degenerescência do tecido das soliedariedades sociais e dos modos de vida psíquicos que convêm literalmente reinventar. A refundação do político deverá passar pelas dimensões estéticas e analíticas que estão impliciadas nas três ecologias: do meio ambiente, do socius e da psique.
Não se pode conceber resposta ao envenenamento da atmsofera e ao aquecimento do planeta, devidos ao efeito estufa, uma estabilização demográfica, sem uma mutação das mentalidades, sem a promoção de uma nova arte de viver em sociedade. Não se pode conceber disciplina internacional nesse domínio sem trazer uma solução para os problemas da fome no mundo, da hiperinflação no Terceiro Mundo. Não se pode conceber uma recomposição coletiva do socius, correlativa a uma re-singularização da subjetividade, a uma nova forma de conceber a democracia política e economia, respeitando as diferenças culturais, sem múltiplas revoluções moleculares. Não se pode esperar uma melhoria das condições de vida da espécie humana sem um esforço considerável de promoção da condição feminina. O conjunto da divisão do trabalho, seus modos de valorização e suas finalidades devem ser igualmente repensados. A produção pela produção, a obsessão pela taxa de crescimento, quer seja no mercado capitalista ou na economia planificada, conduzem a absurdidades monstruosas. A única finalidade aceitável das atividades humanas é a produção de uma subjetividade que enriqueça de modo contínuo sua relação com o mundo.
Os dispositivos de produção de subjetividade podem existir em escala de megalópoles assim como em escala dos jogos de linguagem de um indivíduo. Para aprender os recursos íntimos dessa produção – essas rupturas de sentido autofundadoras de existência - , a poesia, atualmente, talvez tenha mais a nos ensinar do que as ciências econômicas, as ciências humanas e a psicanálise reunidas! As transformações sociais podem proceder em grande escala, por mutação de subjetividade, como se vê atualmente com as revoluções subjetivas que se passam no leste de um modo moderadamente conservador, ou nos países do Oriente Médio, infelizmente de um modo largamente reacionário, até mesmo neofascista. Mas elas podem também se produzir em uma escala molecular – microfísica no sentido de Foucault – em uma atividade política, em uma cura analítica, na instalação de um dispositivo para mudar a vida da vizinhança, para mudar o modo de funcionamento de uma escola, de uma instituição psiquiátrica....

4 x 2

espírito.................... Santo

.......................força Ditador

................................ Escravo

espírito...........força Artista

E agora José?

Mas atualmente o capitalismo não é mais dirigido para a produção, relegada com freqüência à periferia do Terceiro Mundo, mesmo sob as formas complexas do têxtil, da metalurgia ou do petróleo. É um capitalismo de sobre-produção. Não compra mais matéria-prima e já não vende produtos acabados: compra produtos acabados, ou monta peças destacadas. O que ele quer vender são serviços, e o que quer comprar são ações. Já não é um capitalismo dirigido para a produção, mas para o produto, isto é, para a venda ou para o mercado. Por isso ele é essencialmente dispersivo, e a fábrica cedeu lugar à empresa. A família, a escola, o exército, a fábrica não são mais espaços analógicos distintos que convergem para um proprietário, Estado ou potência privada, mas são agora figuras cifradas, deformáveis e transformáveis, de uma mesma empresa que só tem gerentes. Até a arte abandonou os espaços fechados para entrar nos circuitos abertos do banco. As conquistas de mercado se fazem por tomada de controle e não mais por formação de disciplina, por fixação de cotações mais do que por redução de custos, por transformação do produto mais do que por especialização da produção. A corrupção ganha aí uma nova potência. O serviço de vendas tornou-se o centro ou a "alma" da empresa. Informam-nos que as empresas têm uma alma, o que é efetivamente a notícia mais terrificante do mundo. O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. É verdade que o capitalismo manteve como constante a extrema miséria de três quartos da humanidade, pobres demais para a dívida, numerosos demais para o confinamento: o controle não só terá que enfrentar a dissipação das fronteiras, mas também a explosão dos guetos e favelas.

quinta-feira, maio 13

Juçara Lia

....O tempo..... o tempo não existe!!!

Existe VIDA!

.............................(e a vida é eterna pra quem tem amor).....

segunda-feira, maio 3

Nosso Tempo

Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

II

Esse é tempo de divisas,
tempo de gente cortada.
De mãos viajando sem braços,
obscenos gestos avulsos.

Mudou-se a rua da infância.
E o vestido vermelho
vermelho
cobre a nudez do amor,
ao relento, no vale.

Símbolos obscuros se multiplicam.
Guerra, verdade, flores?
Dos laboratórios platônicos mobilizados
vem um sopro que cresta as faces
e dissipa, na praia, as palavras.

A escuridão estende-se mas não elimina
o sucedâneo da estrela nas mãos.
Certas partes de nós como brilham! São unhas,
anéis, pérolas, cigarros, lanternas,
são partes mais íntimas,
e pulsação, o ofego,
e o ar da noite é o estritamente necessário
para continuar, e continuamos.

III

E continuamos. É tempo de muletas.
Tempo de mortos faladores
e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,
mas ainda é tempo de viver e contar.
Certas histórias não se perderam.
Conheço bem esta casa,
pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,
a sala grande conduz a quartos terríveis,
como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,
conduz à copa de frutas ácidas,
ao claro jardim central, à água
que goteja e segreda
o incesto, a bênção, a partida,
conduz às celas fechadas, que contêm:
papéis?
crimes?
moedas?

Ó conta, velha preta, ó jornalista, poeta, pequeno historiados urbano,
ó surdo-mudo, depositário de meus desfalecimentos, abre-te e conta,
moça presa na memória, velho aleijado, baratas dos arquivos, portas rangentes, solidão e asco,
pessoas e coisas enigmáticas, contai;
capa de poeira dos pianos desmantelados, contai;
velhos selos do imperador, aparelhos de porcelana partidos, contai;
ossos na rua, fragmentos de jornal, colchetes no chão da
costureira, luto no braço, pombas, cães errantes, animais caçados, contai.
Tudo tão difícil depois que vos calastes...
E muitos de vós nunca se abriram.

IV

É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e murmúrio,
palavra indireta, aviso
na esquina. Tempo de cinco sentidos
num só. O espião janta conosco.

É tempo de cortinas pardas,
de céu neutro, política
na maçã, no santo, no gozo,
amor e desamor, cólera
branda, gim com água tônica,
olhos pintados,
dentes de vidro,
grotesca língua torcida.
A isso chamamos: balanço.

No beco,
apenas um muro,
sobre ele a polícia.
No céu da propaganda
aves anunciam
a glória.
No quarto,
irrisão e três colarinhos sujos.

V

Escuta a hora formidável do almoço
na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.
As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.
Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!
Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa,
olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.
Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,
mais tarde será o de amor.

Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.
O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.
Multidões que o cruzam não vêem. É sem cor e sem cheiro.
Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,
vem na areia, no telefone, na batalha de aviões,
toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.

Escuta a hora espandongada da volta.
Homem depois de homem, mulher, criança, homem,
roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa,
homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem,
imaginam esperar qualquer coisa,
e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sentam-se,
últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa,
já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.
Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras, apelo ao cassino, passeio na praia,
o corpo ao lado do corpo, afinal distendido,
com as calças despido o incômodo pensamento de escravo,
escuta o corpo ranger, enlaçar, refluir,
errar em objetos remotos e, sob eles soterrados sem dor,
confiar-se ao que bem me importa
do sono.

Escuta o horrível emprego do dia
em todos os países de fala humana,
a falsificação das palavras pingando nos jornais,
o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores,
os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar,
a constelação das formigas e usurários,
a má poesia, o mau romance,
os frágeis que se entregam à proteção do basilisco,
o homem feio, de mortal feiúra,
passeando de bote
num sinistro crepúsculo de sábado.

VI

Nos porões da família
orquídeas e opções
de compra e desquite.
A gravidez elétrica
já não traz delíquios.
Crianças alérgicas
trocam-se; reformam-se.
Há uma implacável
guerra às baratas.
Contam-se histórias
por correspondência.
A mesa reúne
um copo, uma faca,
e a cama devora
tua solidão.
Salva-se a honra
e a herança do gado.

VII

Ou não se salva, e é o mesmo. Há soluções, há bálsamos
para cada hora e dor. Há fortes bálsamos,
dores de classe, de sangrenta fúria
e plácido rosto. E há mínimos
bálsamos, recalcadas dores ignóbeis,
lesões que nenhum governo autoriza,
não obstante doem,
melancolias insubornáveis,
ira, reprovação, desgosto
desse chapéu velho, da rua lodosa, do Estado.
Há o pranto no teatro,
no palco ? no público ? nas poltronas ?
há sobretudo o pranto no teatro,
já tarde, já confuso,
ele embacia as luzes, se engolfa no linóleo,
vai minar nos armazéns, nos becos coloniais onde passeiam ratos noturnos,
vai molhar, na roça madura, o milho ondulante,
e secar ao sol, em poça amarga.
E dentro do pranto minha face trocista,
meu olho que ri e despreza,
minha repugnância total por vosso lirismo deteriorado,
que polui a essência mesma dos diamantes.

VIII

O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
prometa ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta
um verme.